GENE KELLY - Celebrando 100 anos do gênio
criativo
Em comemoração
ao centenánario do nascimento
de Gene Kelly, e o aniversário
de 60 anos do clássico “Cantando na
Chuva”, escrevo uma homenagem a este eterno e talentoso artista que continua a
iluminar as telas do cinema e a inspirar as futuras gerações.
Há 100 anos, dia
23 de Agosto de 1912, em Pittsburg, Pensilvania, Estados Unidos, nasceu Eugene Curran Kelly, ou apenas Gene
Kelly, gênio do cinema, o mais atlético e
excitante dançarino comercial do seu tempo, criador de uma técnica
própria, um estilo americano de dança.
Pioneiro, contribuiu para democratiza-la, trazendo-a para as massas e mudando a
forma de como os americanos e o mundo viam esta arte. Sempre criando algo novo,
ele não era apenas um dançarino, mas um homem
de visão, um artista completo, além de talentoso
coreógrafo e diretor. Com personagens diferentes do estilo europeu
sofisitcado, Kelly protagonizava o homem do povo, comum e trabalhador, como o
marinheiro, o aviador, o pintor, o construtor, no qual o público
se identificava. Revolucionário,
provou que os musicais poderiam escapar dos limites dos estúdios e que uma nova
abordagem de editar poderia fazer com que os números musicais
alcançassem novos níveis, como em “On the Town” – “Um Dia em
Nova Iorque” (1949), onde Kelly insistiu que fosse filmado não
somente em estúdo, mas em locação, com números
notávieis nas ruas de Nova Iorque, incluindo o Museu de História
Natural, a Ponte de Brooklyn e o Rockefeller Center.
Do seu tempo adiante os
musicais ganharam mais vida e paixão, onde os
movimentos corporais expressavam emoções. O ballet
amerciano e o sapateado se popularizaram com números memoráveis
como o da dança com o papel-jornal em “Summer Stock” (1950 ), seu último
filme com Judy Garland, onde o mesmo assobia a canção “You
Wonderful You” e brinca com o jornal; o impressionate número musical de 17 minutos de ballet no
final do filme “An Amercian in Paris” -
“Sinfonia de Paris” (1951); o fabuloso sapateado com patins, no “It’s
Always Fair Weather” (1955); o inesquecivel
número
do mais famoso musical hollywoodiano de todos os tempos “Singin’ in the Rain” –
“Cantando na Chuva” (1952), onde o mesmo canta e dança majestosamente
na chuva; o divertido número
com o rato Jerry, do desenho animado Tom & Jerry, no filme “Anchors Weight”
– “Marujos do Amor” (1945), entre muitos outros e suas maravilhosas parcerias
com os legendarios Judy Garland, Debbie Reynolds, Cyd Charisse, Leslie Caron,
Fred Astaire, Frank Sinatra, Donald O’Connor.
Adepto a ginástica
atlética, hóckey de gelo, natação,
futebol americano e baseball, o poder atlético de Kelly provou
ser benéfico na dança. Muitos anos depois, em uma série
especial para a televisão, entitulada “Dancing: A Man’s Game”
– “Danca: Um Jogo Humano” (1958), Gene Kelly demonstrou que a dança
é
meramente uma extensão dos movimentos usados nos esportes.
Seu brilhante sorriso, seu carisma e entusiasmo, serão
sempre lembrados em seus filmes, sua legacia.
“Cantando na Chuva”
“Singin’ in the Rain” – “Cantando
na Chuva”(1952), comemorou 60 anos. A NCM Fathom, Turner Classic Movies, e a
Warner Bros entraram em parceria para celebrar e trazer ao público,
em cinemas selecionados nos Estados Unidos,
o filme considerado o melhor musical de todos os tempos. Fui convidada
para ser a host ou anfitriã do grupo “San Diego Art House Movies” na apresentação deste
maravilhoso evento. Tive a grande satisfação de poder assistir
a este filme na tela grande do cinema, o que fez uma enorme diferença,
ainda mais em formato digitalmente renovado, na quarta feira passada, dia 22 de
agosto. Meu filho de onze anos foi comigo. O cinema estava repleto. O evento
começou com uma entrevista de 15 minutos, entre o apresentador da Turner
Classic Movies, Robert Osborne, e a estrela Debbie Reynalds, onde a mesma
compartilhou suas memórias e emoções ao
trabalhar com Gene Kelly e Donald O’Connor no set deste clássico.
Imperdivel, “Cantando na Chuva” apresenta coreografias espetaculares, canções
edificantes, e atuações incomparáveis. Eterno, continua a atrair expectadores
de todas as idades. Simplesmente um grande entretenimento!
O cinema serviu
como forma de registro para o desempenho da dança e teve papel fundamental na
sua preservação no século XX. O filme musical combinou formas americanas de balé
(dança de salão, sapateado e bailado acrobático) com a ópera cômica e
romântica. Historicamente, o musical nasceu com o cinema sonoro, “O Cantor de
Jazz”, de 1927, inaugurou ao mesmo tempo o cinema falado e o cinema cantado.
Contudo, o filme musical se firmou nos Estados Unidos segundo o modelo dos
espetáculos da Broadway, e teve o seu verdadeiro apogeu com Vincente Minnelli,
que trouxe para a grande tela a sua experiência no teatro musical. Além de Minnelli,
destacam-se os grandes criadores de musicais, como os diretores Busby Berkeley,
Stanley Donen, os atores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as atrizes
Ginger Rogers, Betty Grable, Cyd Charisse, Judy Garland, os coreógrafos Bob
Fosse, Robert Alton, Charles Walters e Michael Kidd, o ator, cantor, dançarino,
coreógrafo, produtor e diretor Gene Kelly. O musical caracteriza-se basicamente
por apresentar roteiros musicais que mesclam dança, canto e música e tem como
ponto forte as coreografias. Com “Cantando na Chuva”, Gene Kelly levou a arte
da dança para o cinema, conseguiu trazer de volta uma estética que praticamente
havia se perdido, desde a época dos filmes mudos, reuniu de forma magnífica os
elementos da dança e da música no corpo da narrativa, combinando com perfeição
o sapateado e o balé. O número mais famoso de dança da história do cinema é o
solo de Gene Kelly em “Cantando na Chuva”. A seqüência em que Kelly canta na
chuva tornou–se um número de sapateado inovador. Os efeitos do som são
provocados tanto pela chuva caindo, como pelas poças d’água quando Kelly salta
sobre elas e as chuta, quanto pelo barulho do seu sapateado. O artista
dramatizou a dança na chuva com seus movimentos atléticos e exagerados, e sua
exuberância alegre e juvenil. O que se observa é a naturalidade com que Gene
Kelly se entrega quando está dançando, ele expressa uma alegria de viver
contagiante, mostra também que está apaixonado. O amor está presente, tanto o
amor pela personagem de Debbie Reynolds, como também pela dança. O momento em
que ele brinca com o guarda-chuva, e com outros elementos do cenário é
excelente. Quando Kelly sobe no poste da rua sua presença é exaltada, seus
movimentos são magistrais. O ator, além de executante, foi o coreógrafo e com
Stanley Donen, dirigiu a cena que se tornou a mais memorável de todos os
tempos. A Música “Singin’ in the rain” foi composta por Nacio Herb Brown e
arranjada para o filme por Roger Edens. A letra de Arthur Freed foi adaptada
por Kelly, que acrescentou “and dancin’ ” ao verso do título. A fotografia foi
de Harold Rosson.
“Cantando na
Chuva” foi lançado nos Estados Unidos, em abril de 1952, e teve um enorme
sucesso de público e bilheteria. Passando, com o tempo, a desfrutar do
reconhecimento da crítica, tornado-se o melhor filme musical americano de todos
os tempos. Esta também em décimo lugar na lista dos melhores filmes americanos
do American Filme Institute. A história do filme se resume em “montar um
espetáculo”, não um simples espetáculo, mas o primeiro filme musical do cinema.
Gene Kelly é Don Lockwood, um famoso astro da época do cinema mudo em
Hollywood, seus filmes são um sucesso, mas sua vida começa a mudar com a
chegada do cinema sonoro. Seu desafio é criar um musical apesar das
dificuldades que encontrará com a nova técnica de se fazer cinema. “Cantando na
Chuva” é uma obra-prima, um clássico americano inesquecível que cativa, que
emociona. Gene Kelly está brilhante, Donald O´Connor está sensacional, hilário,
consegue encantar o expectador com suas brincadeiras, a cena em que canta “Make
‘Em Laugh” é majestosa, outra cena memorável quando Gene Kelly e Donald
O’Connor cantam “Moses Supposes”, Debbie Reynolds está adorável,
com sua presença juvenil, ela alterna uma linha tênue entre a comédia e o
drama. Cyd Charisse está belíssima, e dança maravilhosamente bem. Gene Kelly,
cujo perfeccionismo levava suas parceiras de dança à exaustão, idealizou a
coreografia da seqüência "Broadway Ballet". Conta-se que o véu de
seda usado por Cyd Charisse, com mais de sete metros de comprimento, foi
mantido esvoaçante por três motores de avião. “Cantanto na Chuva” Ganhou o
Golden Globe de Melhor Ator Cômico (Donald O´Connor), em 1953.
Curiosidades:
A chuva que
aparece no filme enquanto Gene Kelly canta "Singin'in the rain" na
verdade não é apenas água, mas sim uma mistura de água com leite;
Gene Kelly estava
com febre de quase 40 graus celsius durante as filmagens da famosa cena em que
canta "Singin'in the rain";
The song, “Singing in
the rain”, foi escrita originalmente em 1927 para a peça "Hollywood Music
Box Revue of 1927". Mais tarde apresentada no filme de 1929 “The Hollywood
Revue of 1929”, onde foi cantada pelas irmãs Borx (Brox
Sisters);
Debbie Reynolds
tinha 19 anos quando participou do filme,Gene Kelly 40 anos e Donald O'Connor
27;
No filme, Debbie
Reynolds dirige o memso carro usado pelo ator Mickey Rooney nos filmes da série
Andy Hardy da MGM;
Cantando na Chuva
custou $2.540.800 ($620.996 acima do orçamento), e faturou $7.665.000 dolares;
Os pés da atriz
Debbie Reynolds chegaram a sangrar com os treinos exaustivos de sapateado
durante as gravações
da sequência de “Good
Morning”;
A cena de Donald
O’Connor em Make ‘Em Laugh foi improvisada, sem qualquer ensaio, a
espontaneidade dos seus movimentos corporais foi tão grande que o ator foi
hospitalizado após as filmagens, ele consumia quatro
macos de cigarro ao dia e seu corpo nao resistiu a tanto esforco.
Sinopse:
Em 1927, Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean
Hagen) sao um famoso par romantico nas
telas do cinema mudo. Lockwood trabalhou duro para chegar ao sucesso, juntamente
com o seu melhor amigo e antigo parceiro Cosmo Brown (Donald O'Connor) que o
acompanha como pianista. Durante a
passagem do cinema mudo para o sonoro, Don se apaixona pela cantora e aspirante
a atriz Kathy Selden (Debbie Reynolds). Ele e Cosmo decidem fazer um filme
musical e como Lina Lamond tem dificuldades com a sua voz, os dois resolvem
usar a voz de Kathy para dublar a voz esganiçada da estrela. A estréia do musical
entitulado “The Dancing Cavalier” é um tremendo sucesso. A audiência clama que
Lina Lamont cante ao vivo. Kathy escondida atrás da cortina do palco, dubla a
voz de Lina enquanto a mesma canta para a plateia. Enquanto Lina está
"cantando" Don e Cosmo alegremente levantam a cortina e o publico ve
a farsa. Kathy envergonhada tenta fogir, mas Don introduz ao público "a
verdadeira estrela do filme." A cena final mostra Kathy e Don se beijando
na frente de um outdoor para seu novo filme, Singin 'in the Rain.
Ficha Técnica:
Singin’ in the Rain, EUA/1952. De: Gene Kelly e Staley Donen.
Com: Gene Kelly, Donald O´Connor, Debbie Reynolds, Jean Hagen, Milllard
Mitchell, Cyd Charisse. MGM Musical/103 minutos.
Filmografia de Gene Kelly:
That’s
Entertainment! III (1994);
Sins
(TV) (1986);
That’s Dancing ! (1985) (Também produtor executivo);
North
and South (TV) (1985);
Xanadu
(1980);
Viva Knievel (1977);
That’s Entertainemt! Part II
(1976) (Também diretor de novas
sequências);
That’s
Entertainent! (1974);
40
Carats (1973);
The
Cheyene Social Club (1970) (Produtor, diretor);
Hello
Dolly ! (1969) (Diretor);
A
Guide for the Married Man (1967) (Diretor);
The
Young Girls of Rochefort (1967);
Jack
and the Beanstalk (TV) (1967) (Também produtor, diretor) ganhador de um Emmy por
Outstanding Children’s program.
What
a Way to Go! (1964) (Também coreógrafo);
Going
my Way (serie de TV) (1962-1963);
Gigot
(1962) (Diretor);
Inherit
the Wind (1960);
Let’s
Make Love (1960);
Something
for the Girls (1958);
Tunnel
of Love (1958) (Diretor);
Marione
Morning Star (1958);
Les
Girls (1957);
The Happy Road (1957) (Também produtor e diretor);
The
Magic Lamp (1956) (Voz);
Invitation
to the Dance (1956) (Também coreógrafo, roteirista, diretor);
It’s
Always Fair Weather (1955) (Também coreógrafo e co-diretor);
Deep
in my Heat (1954);
Crest
of the Wave (1954);
Brigadoon
(1954) (Também coreógrafo);
The
Devil Makes Tree (1952);
Singin’
in the Rain (1952) (Também coreógrafo e co-diretor);
Love
is Better than Ever (1952);
It’s
a Big Country (1951)
An
American in Paris ( 1951) (Também
coreógrafo);
Summer
Stock (1950)
Black
Hand (1949);
On
the Town (1949) (Também coreógrafo e co-diretor);
Take
me out to the Ball Game (1949) (Também
co-coreógrafo, co-autor);
Word
and Music (1948);
The
Three Musketeers (9148) (Também
co-coreógrafo);
Living
in a Big Way (1947) (Também
coreógrafo);
Ziegfeld
Folies (1946);
Anchors
Aweigh (1945) (Também coreógrafo);
Christmas
Holiday (1944);
Cover
Girl (1944) (Também coreógrafo);
The
Cross of Lorraine (1943);
Thousands
Cheer (1943);
Du
Barry was a Lady (1943);
Pilot
No. 5 (1943);
For
Me and My Gal (1942).
* Este artigo foi anteriormente publicado em 31 de Agosto de 2012, no website www.natalpress.com.br.