WELCOME TO CINEMAC

WELCOME TO CINEMAC

Saturday, February 27, 2010

Alphaville

Alphaville (13/11/2003)
Considerado uma das melhores ficções científicas de todos os tempos, “Alphaville” é uma produção cinematográfica do polêmico cineasta de vanguarda Jean-Luc Godard, um dos diretores mais criativos da Nouvelle Vague, movimento que tinha como objetivo renovar o cinema francês e valorizar a direção, recuperando o filme dito de autor. Nesta fantasia surrealista e irreverente, Godard abusa da mobilidade da câmara, da montagem descontínua, dos demorados planos - seqüências, da improvisação e de lançar ao expectador imagens com valores e informações contraditórios. “Alphaville” é um país controlado pelo supercérebro eletrônico Alpha 60, que mantém os habitantes inteiramente sob seu comando. “Ninguém viveu no passado e ninguém viverá no futuro. O presente é a forma de toda a vida”, é um dos lemas da tecnocracia fascista alphavilliana. As pessoas são proibidas de amar, de chorar pela perda do cônjuge, de ter sentimentos, de ler poesia e romances, de pensar como são os outros paises e os estrangeiros. As palavras “por que” e “consciência” não existem. Os cidadãos são marcados por números e seguem como valores absolutos a coerência de raciocínio e a eficiência. O símbolo da técnica E=mc2, que aparece expresso em néon e ocupando toda a tela, é a fórmula da desilusão desta sociedade fria, e a fotografia em preto e branco, enfatiza o seu aspecto sombrio. Ousado e original, mereceu ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim. FICHA TÉCNICA: Alphaville França/1965
De: Jean – Luc Godard Com: Eddie Constantine, Anna Karina, Akim Tamiroff, Howard Vernon Ficção Científica/98 minutos

DOMINGO SANGRENTO

DOMINGO SANGRENTO (25/10/2003) Filmado em estilo documentário, o diretor inglês Paul Greengrass, retrata um dos episódios mais dramáticos do conflito entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte. Em 30 de janeiro de 1972, na cidade de Derry, o que seria uma passeata pacífica pelos direitos civis na Irlanda do Norte ( país que vive sob o domínio do Reino Unido), se transformou em um massacre. Soldados britânicos atiraram, a sangue frio, em 27 civis desarmados: 13 foram assassinados e 14 feridos covardemente. Este evento, chamado de “Domingo Sangrento”, desencadeou uma guerra civil, conduzindo muitos jovens ao IRA (Exército Republicano Irlandês) e fomentando um ciclo de 25 anos de violência que matou mais de 3.500 pessoas até 1995 – ano em que finalmente foi assinado um acordo de paz. O filme, baseado no livro “Eyewitness Bloody Sunday”, de Don Mullan, é uma co-produção Inglaterra/Irlanda e ganhou vários prêmios: o Urso de Ouro e o Prêmio do Júri, no Festival de Berlim; o prêmio World Cinema, no Sundance Film Festival; e recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O filme focaliza, em particular, a história de dois homens, Ivan Cooper, um líder protestante e idealista dos direitos civis, que partilha do sonho de Martin Luther King “de um mundo melhor”, e Gerry Donaghy, um rebelde católico de 17 anos, inconformado com a discriminação contra os católicos irlandeses. “Domingo Sangrento” é uma denúncia contundente de uma injustiça histórica. O inquérito aberto na época inocentou todos os oficiais envolvidos na operação. Alguns foram condecorados pela rainha. “Domingo Sangrento” não chegou a ser exibido em vários cinemas brasileiros. Pode ser encontrado nas versões VHS e DVD. É um filme imperdível, tanto pelo conteúdo histórico abordado, como pelo material extra (em DVD), que oferece comentários em áudio do diretor e do ator principal James Nesbitt e outra faixa com o roteirista e co-produtor, um documentário com diversas entrevistas do elenco e com o verdadeiro Ivan Cooper, todas legendadas em português . Além da música do U2, que pode ser acompanhada, também, com legendas em português (em VHS e DVD).

CINEMA E CULTURA

Cinema (25/10/2003) CINEMA E CULTURA HISTÓRIA DO CINEMA Existem diversas formas de abordar o cinema, podemos dizer que é: arte, cultura, espetáculo, divertimento, indústria, técnica. Depende do ponto de vista do qual o consideramos. A palavra cinema vem do grego “kinema” que significa movimento. Cinema, nada mais é do que a arte de produzir imagens em movimento. A preocupação do homem com o registro do movimento é muito antiga. Os desenhos e as pinturas rupestres foram as primeiras formas de representar os aspectos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. Durante séculos, civilizações buscaram meios para produzir a realidade. Considerado um dos mais remotos precursores do cinema, o Jogo de Sombras foram os primeiros espetáculos públicos com projeção de imagens. Surgidas na China, por volta de 5.000 anos antes de Cristo e difundidas na Índia e em Java, as sombras chinesas projetavam silhuetas de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados sobre paredes ou telas de linho. O operador narrava a ação quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões. Outros precursores do cinema foram: a Câmara Escura , no século XVI, que permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto escuro; a Lanterna Mágica, no século XVII, uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projetava as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. A invenção da fotografia, no século XIX, abriu caminho para o espetáculo do cinema. Durante todo o século XIX, inventores tentaram construir aparelhos que buscassem produzir a ilusão do movimento: zootrópio, teatro óptico, zoopraxinoscópio e finalmente o cinetoscópio. Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como A saída dos operários da fábrica Lumière e Chegada de um trem à estação, breves testemunhos da vida cotidiana. O cinema começava a dar os seus primeiros passos.

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (24/11/2003) SHANE EUA/1953 De: George Stevens Com: Alan Ladd ,Jean Arthur, Van Heflin, Brandon de Wilde, Walter Jack Palance. Western/ 118 minutos Paramount Pictures “Os Brutos Também Amam” é um eterno clássico do cinema, considerado o faroeste que obteve maior sucesso nos anos 50. Original e emocionante, cativou platéias em todo o mundo e continua sendo um dos preferidos de muita gente. Avaliado como “o autêntico cinema americano”, a narrativa é quase toda contada e vista pelos olhos de uma criança, que idolatra um misterioso pistoleiro, um herói que aparece do nada, um homem sem passado ou futuro, mas que traz com ele um forte sentimento de ideal, força e justiça. O diretor George Stevens criou um mito simbólico: a antiga batalha entre o bem e o mal. Retratou o advento da civilização e do progresso dentro de uma região despovoada, a disputa por terras e o despertar de um pequeno jovem para a maturidade. Baseado no livro homônimo de Jack Scheafer, de 1949, a produção recebeu seis indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Brandon de Wilde), Melhor Ator Coadjuvante (Jack Palance), Melhor Diretor (George Stevens), Melhor Roteiro (A.B. Guthrie Jr) e Melhor Cinematografia Colorida, e ganhou o prêmio de Melhor Fotografia (Loyal Griggs). Sinopse: Shane é um enigmático e solitário cavaleiro, que chega em um vale do oeste americano, decide ficar e ter uma vida tranqüila. Ele é mistificado e venerado por um menino (Joey), filho dos fazendeiros Starret e Mariam. O casal o recebe e o convida para morar com eles, mas Shane retoma sua vida de pistoleiro, quando o barão do gado (Ryker) contrata o matador profissional (Wilson) para tomar posse das terras do vale. Após o conflito, ele parte. Curiosidades: 1) “Os Brutos Também Amam” foi filmado em Jackson Hole, Wyoming, tendo como cenário as montanhas do Grand Tetons; 2) “Os Brutos Também Amam “ é o segundo filme da “Trilogia Americana” de George Stevens, posicionado entre “Um Lugar ao Sol” (1951) e “Assim Caminha a Humanidade” (1956); 3) “Os Brutos Também Amam” está na lista oficial do American Film Institute, entre os melhores 100 filmes dos últimos 100 anos( em 69º lugar) e um dos mais importantes do século vinte; 4) “Os Brutos Também Amam” é o filme preferido do cineasta/ator Woody Alan; 5) Em 1959, durante a primeira visita de Nikita Khrushchev (1894-1971) aos Estados Unidos, o presidente americano Dwight Eisenhower (1890-1969), solicitou a Geroge Stevens uma cópia, em 16 mm, de “Os Brutos Também Amam” para exibi-lo ao premier soviético em Camp David, como: “um resumo do grande desenvolvimento americano pelos seus pioneiros”.

FARENHEIT 451


FARENHEIT 451 (12/12/2003) 

Lançado em 1966, “Farenheit 451” é um clássico do cinema, do genial cineasta francês François Truffaut. Considerado um dos melhores filmes de ficção científica dos anos 60, é até hoje, cultuado por muitos admiradores e cinéfilos no mundo inteiro. O longa-metragem é uma primorosa adaptação do livro homônimo do escritor norte-americano Ray Bradbury François Truffaut, juntamente com Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Claude Chabrol e Louis Malle, é um dos mentores intelectuais da “Nouvelle Vauge” ou “Nova Onda”, movimento cinematográfico mais influente do cinema moderno, surgido na França entre 1959/1960, que propôs renovar e regenerar uma cinematografia considerada em declínio. Formado por novos cineastas procedentes, em sua maioria, da crítica cinematográfica e, em especial, da legendária revista Cahiers du Cinéma, o movimento diversificou estilos, trouxe espontaneidade, a expressão de uma cultura na tela, além de lançar o talento de autodidatas, que muitas vezes recorriam ao improviso, também, contribuiu para a expansão do cinema mundial. Truffaut debutou no cinema com o polêmico “Os Incompreendidos”, de 1959, baseado em sua autobiografia, retratou a sua conturbada infância. Em 1962, lançou a sua obra-prima: “Jules e Jim”, uma adaptação do livro de Henry-Pierre Roché, trazendo a musa Jeanne Moreau no papel principal. Com “Farenheit 451”, o diretor dá um show de concepção estética. A narrativa se passa no futuro, o Estado controla a cultura, os cidadãos não tem direito à leitura e ao conhecimento. São alienados e mentalmente escravizados. Não possuem um passado, pois a história lhes é negada. Os bombeiros não sabem que um dia apagavam os incêndios, e tem como função fundamental colocar fogo em qualquer tipo de material impresso. “A literatura é a principal propagadora da infelicidade. Os leitores não podem existir, são ameaças à sociedade. A população deve denunciá-los”, é um dos lemas do Governo fascista. O nome do título “Farenheit 451”, significa a temperatura ideal para a combustão do papel queimado. Sem dúvida é um filme inovador, ousado e original. Nota: Quem assistiu ao filme “Alphaville”, de Jean-Luc Godard, notará uma semelhança entre este e “Farenheit 451”, pois a história das duas fitas se passa em um futuro próximo e apresenta uma sociedade totalitária, onde os governantes tem poder sobre seus habitantes. Será que os dois filmes são uma metáfora da nossa situação? SINOPSE: Em uma sociedade futurista, os “bombeiros” tem como principal tarefa queimar todos os livros, pois os mesmos foram abolidos pelos governantes. Foi estabelecido que a literatura só propaga o infortúnio. É quando o bombeiro Montag (Oskar Werner) se apaixona por uma bela e culta professora(Julie Christie), que lhe mostra todos os prazeres que a leitura pode oferecer. Ele se torna um leitor compulsivo e começa a questionar a linha de pensamento imposta pelo Estado.

Relíquia Macabra

Relíquia macabra (13/01/2004)
Considerado um dos melhores filmes em estilo “noir” de todos os tempos, lançado em 1941 pelo, então, estreante diretor John Houston, “Relíquia Macabra” é uma adaptação para o cinema do romance de Dashiell Hammett. Surgido nos anos 40, nos Estados Unidos, a expressão “Film Noir” foi introduzida pelos críticos de cinema franceses do período pós-guerra para designar um grupo de filmes criminais americanos que continha algumas particularidades temáticas, tais como: o cinismo, a corrupção, a prostituição, a opressão e o ambiente “dark”. As produções “noirs” revelam-se como o oposto da versão glamourizada de Hollywood e apresentam uma duplicidade: o submundo do crime e do vício e o mundo “respeitável” da burguesia. A dissimulação, a venalidade e a corrupção dominam a maioria das relações sociais, que geralmente terminam em traição e morte. Outro ponto forte do “mundo noir” é o personagem “hard-boiled”, ou seja, o detetive particular durão, que usa muito mais o punho do que o cérebro para realizar as investigações e solucionar os crimes, seu envolvimento com a mulher fatal e as ameaças que sofre pelos seus rivais que são falsos, perversos e violentos. Humphrey Bogart está muito bem no papel do herói Sam Spade. Usando um chapéu de feltro e uma capa impermeável, o fumante e beberrão detetive é insolente e esquentado, aproveita-se das espertezas quando necessário, mas possui uma integridade moral que não pode ser questionada. “Relíquia Macabra” é um filme obrigatório, os personagens são marcantes. John Houston conseguiu ser fiel ao livro. Humphrey Bogart tornou-se um mito após imortalizar o personagem Sam Spade. SINOPSE: Depois que seu sócio Miles Archer (Jerome Cowan) foi morto enquanto seguia um homem chamado Thursby, o detetive particular Sam Spade (Humphrey Bogart) decide encontrar o assassino a qualquer preço. Spade interroga uma suspeita , a misteriosa Mrs. Wonderly, cujo nome verdadeiro é Brigid O’ Saughnessy (Mary Astor). Entretanto a mesma confessa que está sendo ameaçada pela pessoa que matou Miles. A investigação conduz a uma trinca curiosa: Joel Cairo (Peter Lorre), Kaspar Gutman (Sidney Greenstreet) e o capanga de Gutman, Wilmer (Elisha Cook Jr). Spade fica sabendo que o três estão à procura de uma escultura coberta de pedras preciosas, o Falcão Maltês. Gutman e seus associados acreditam que o detetive Spade possui o Falcão por causa do seu relacionamento com Brigid. Finalmente, Spade descobre que Brigid é uma mentirosa compulsiva e está tão envolvida na busca do Falcão quanto os outros; e, quando a escultura chega às suas mãos por meio de um capitão (Walter Huston, Spade reúne todos para esclarecer a história. Sabendo que Wilmer, a mando de Gutman, foi o responsável pela morte de Thursby e do capitão, Spade mostra-lhes o Falcão, que não tem valor nenhum. Desapontados, Gutman, Cairo e Wilmer fogem. Spade manda a polícia atrás deles e consegue a confissão de Bigid. Ela matou Miles, esperando se livrar de seu parceiro Thursby, colocando a culpa do assassinato sobre ele. Brigid implora a Spade que não a denuncie, mas, mesmo apaixonado, o detetive se mantém inflexível.

Matar ou morrer

Matar ou morrer (06/02/2004)
Lançado nos Estados Unidos em 30 de julho de 1952, “Matar ou Morrer” é um clássico de faroeste americano, do período pós-guerra, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Tem como diretor Fred Zinnemann, produtor Stanley Kramer e roteirista Carl Foreman. É um filme original que aborda temas como ética e moralidade. Uma obra-prima da cinematografia, possivelmente o melhor “western” já realizado. Apresenta-se como um “western” tenso que conta a história de um homem que, apesar de sua integridade e senso de justiça, não é compreendido por sua comunidade. Os personagens passam por dramas psicológicos e de consciência, a sociedade é egoísta e covarde, e se mostra baseada em conceitos de falsa solidariedade e interesse pessoal. Faroeste ou “western” é um gênero especificamente norte-americano, que explora principalmente marcos históricos como a Guerra de Secessão e a Conquista do Oeste. Caracteriza-se, tradicionalmente, por apresentar um esquema narrativo simples, uma ação episódica intensa e uma paisagem física e humana peculiar. Além de possuir valores inerentes de ritmo e movimento, impõe uma universalidade por criar um tipo de herói mitológico cuja vida é lutar pela justiça. O “mocinho” é geralmente representado pelo caubói ou pelo xerife solitário, destemido e justiceiro que desafia o “bandido” ou fora-da-lei. Em “Matar ou Morrer” o gênero está mais intelectualizado. Com três enredos principais: a história do relacionamento de Will Kane (Gary Cooper) e Frank Miller ( Ian MacDoanld) onde o passado surge no presente e resulta numa ameaçadora exibição de um antigo drama; a história de Kane e Amy e do seu casamento interrompido por homens vindos do passado; a história do xerife Kane com a população de Hadleyville, que não lhe dá o apoio moral de que ele tanto precisava em sua luta contra Miller. O herói de Cooper passa quase todo o filme em busca de ajuda, abordando possíveis auxiliares e, também, a recusando . A cena da igreja é o centro moral do filme, quando Kane vai pedir auxílio. A primeira cooperação é dada pelo pastor que começa a ler um texto da bíblia, Malaquias IV, que prediz o fatal destino do “soberbo” e do “malvado” no dia em que “arderá como um forno”, reprovando Kane por sua falta de compromisso com a igreja. Os vilões de “Matar ou Morrer” proporcionam uma base rítmica perfeita e sobressaem-se fortemente no início e no fim do filme. O acerto de contas ao meio-dia (high noon) é a conseqüência do que aconteceu no passado de Hadleyville, cinco anos atrás, quando Kane levou Miller ao tribunal por um crime que lhe valeu a sentença de prisão perpétua. A ação de Matar ou Morrer corre em tempo real, ou seja, inicia-se às 10:40 horas e vai andando minuto a minuto até meio dia em ponto. John Wayne declarou uma vez que “Matar ou Morrer” foi o maior filme antiamericano já feito. Wayne estava aparentemente ofendido com o final do filme que mostra o xerife removendo seu distintivo e jogando-o fora. “ Matar ou Morrer” foi campeão de bilheteria, em 1952, e ganhou diversos prêmios, como o de Melhor Filme e Direção(Fred Zinnemann) pelos Críticos de Cinema de Nova York; quatro Globos de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Ator – Drama (Gary Cooper) , Melhor Atriz Coadjuvante ( Katy Jurado), Melhor Fotografia - Preto e Branco e Melhor Trilha Sonora; o Prêmio Bodil de Melhor Filme Americano; em 1953, ganhou quatro Oscars: Melhor Ator (Gary Cooper), Melhor Montagem ( Harry Gerstad e Elmo Williams), Melhor Trilha Sonora ( Dimitri Tiomkin) e Melhor Canção (Do Not forsake Me, Oh my Darling) (Ned Washington). É um filme imprescindível, contribuiu para consolidar a carreira do super-star Gary Cooper, colocou em evidência a belíssima atriz Grace Kelly(que interpretou seu primeiro papel importante) e confirmou Zinnemann como um dos mais célebres cineastas do mundo. SINOPSE: Numa manhã de domingo do fim do século XIX, Will Kane, o xerife resignatário do povoado de Hadleyville, no Oeste dos Estados Unidos, está se casando com Amy, e vai com ela partir para uma nova vida em outro lugar. É quando chega a notícia de que Frank Miller, o criminoso que Kane mandara para a cadeia para o resto da vida, obteve o livramento condicional após cumprir cinco anos de pena e vem no trem do meio dia para executar a ameaça de vingança feita no passado. Ele está apoiado por três cúmplices que já estão na vila. O xerife, a princípio, é persuadido a partir como planejara, mas decide voltar, mesmo que a noiva não o apóie, para enfrentar Miller. Amy o abandona e pega o trem que a levará de volta para casa, em St. Louis. A partir daí, o xerife tenta recrutar novos auxiliares, mas a população temerosa, hipócrita e até, em parte, exultante, deixa-o sozinho com seu destino. Depois de redigir seu testamento, ele vai ao encontro da gangue num jogo mortal de esconde-esconde nas ruas vazias do povoado. Ouvindo o primeiro disparo quando toma o trem, Amy muda de idéia e volta; pondo de lado seus princípios, atira num bandido pelas costas e o mata. Ajudado por Amy mais adiante, que foi tomada como refém, Kane consegue vencer o duelo com Miller. Atrirando fora a estrrela de xerife, ele deixa a cidade com Amy enquanto os moradores da vila se reúnem constrangidos e embasbacados. FICHA TÉCNICA: High Noon Eua/1952 De:Fred Zinnemann Com: Gary Cooper, Thomas Mitchell, Lloyd Bridges, Katy Jurado, Grace Kelly, Ian Mac Donald, Lee Van Cleef. United Artits Corporation Western/85 minutos.

Cantando na chuva

Cantando na chuva (18/02/2004)
O cinema serviu como forma de registro para o desempenho da dança e teve papel fundamental na sua preservação no século XX. O filme musical combinou formas americanas de balé (dança de salão, sapateado e bailado acrobático) com a ópera cômica e romântica. Historicamente, o musical nasceu com o cinema sonoro, “O Cantor de Jazz”, de 1927, inaugurou ao mesmo tempo o cinema falado e o cinema cantado. Contudo, o filme musical se firmou nos Estados Unidos segundo o modelo dos espetáculos da Broadway, e teve o seu verdadeiro apogeu com Vincent Minelli, que trouxe para a grande tela a sua experiência no teatro musical. Além de Minelli, destacam-se os grandes criadores de musicais, como os diretores Busby Berkeley, Stanley Donen, os atores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as atrizes Ginger Rogers, Betty Grable, Cyd Charisse, Judy Garland, os coreógrafos Bob Fosse, Robert Alton, Charles Walters e Michael Kidd, o ator e diretor Gene Kelly. O musical caracteriza-se basicamente por apresentar roteiros musicais que mesclam dança, canto e música e tem como ponto forte as coreografias. Com “Cantando na Chuva”, Gene Kelly levou a arte da dança para o cinema, conseguiu trazer de volta uma estética que praticamente havia se perdido, desde a época dos filmes mudos, reuniu de forma magnífica os elementos da dança e da música no corpo da narrativa, combinando com perfeição o sapateado e o balé. O número mais famoso de dança da história do cinema é o solo de Gene Kelly em “Cantando na Chuva”. A seqüência em que Kelly canta na chuva tornou–se um número de sapateado inovador. Os efeitos do som são provocados tanto pela chuva caindo, como pelas poças d’água quando Kelly salta sobre elas e as chuta, quanto pelo barulho do seu sapateado. O artista dramatizou a dança na chuva com seus movimentos atléticos e exagerados, e sua exuberância alegre e juvenil. O que se observa é a naturalidade com que Gene Kelly se entrega quando está dançando, ele expressa uma alegria de viver contagiante, mostra também que está apaixonado. O amor está presente, tanto o amor pela personagem de Debbie Reynolds, como também pela dança. O momento em que ele brinca com o guarda-chuva, e com outros elementos do cenário é excelente. Quando Kelly sobe no poste da rua sua presença é exaltada, seus movimentos são magistrais. O ator, além de executante, foi o coreógrafo e com Stanley Donen, dirigiu a cena que se tornou a mais memorável de todos os tempos. A Música “Singin’ in the rain” foi composta por Nacio Herb Brown e arranjada para o filme por Roger Edens. A letra de Arthur Freed foi adaptada por Kelly, que acrescentou “and dancin’ ” ao verso do título. A fotografia foi de Harold Rosson. “Cantando na Chuva” foi lançado nos Estados Unidos, em abril de 1952, e teve um enorme sucesso de público e bilheteria. Passando, com o tempo, a desfrutar do reconhecimento da crítica. Está em10º lugar como um dos melhores filmes dos últimos tempos pelo American Filme Institute. A história do filme se resume em “montar um espetáculo”, não um simples espetáculo, mas o primeiro filme musical do cinema. Gene Kelly é Don Lockwood, um famoso astro da época do cinema mudo em Hollywood, seus filmes são um sucesso, mas sua vida começa a mudar com a chegada do cinema sonoro. Seu desafio é montar um musical apesar das dificuldades que encontrará com a nova técnica de se fazer cinema. “Cantando na Chuva” é uma obra-prima, um clássico americano inesquecível que cativa, que emociona. Gene Kelly está brilhante, Donald O´Connor está sensacional, hilário, consegue encantar o expectador com suas brincadeiras. Debbie Reynolds também tem a sua presença, com seu estilo próprio ela alterna uma linha tênue entre a comédia e o drama. Cyd Charisse está belíssima, e dança maravilhosamente bem. Gene Kelly, cujo perfeccionismo levava suas parceiras de dança à exaustão, idealizou a coreografia da seqüência "Broadway Ballet". Conta-se que o véu de seda usado por Cyd Charisse, com mais de sete metros de comprimento, foi mantido esvoaçante por três motores de avião. “Cantando na Chuva” ganhou o Golden Globe de Melhor Ator Cômico (Donald O´Connor). Sinopse: Durante a passagem do cinema mudo para o sonoro, Don Lockwood (Kelly) se apaixona pela cantora Kathy Selden (Debbie Reynolds) escolhida para dublar a voz esganiçada da estrela Lina Lamont ( Jean Hagen). Ficha Técnica: Singin’ in the rain EUA/1952 De: Gene Kelly e Staley Donen. Com: Gene Kelly, Donald O´Connor, Debbie Reynolds, Jean Hagen, Milllard Mitchell, Cyd Charisse. MGM Musical/103 minutos.

Cinema mudo: a escola cômica norte-americana

Cinema mudo: a escola cômica norte-americana (03/03/2004)
Nenhum gênero cinematográfico foi tão associado aos filmes mudos como a comédia. O fenômeno do cinema cômico produziu algumas das maiores obras-primas no século XX. A escola cômica norte-americana, em especial, impulsionou e consolidou o cinema como a maior das diversões. Baseada na sátira de cenas do cotidiano, enfatizando lugares, objetos e situações que retratavam particularidades da vida humana, a “civilização das máquinas”, a comédia recorria, com freqüência, ao pastelão ou “slapstick”. O “pastelão” é o resultado da ampliação e da intensificação de uma série de efeitos já codificados no teatro, nas variedades, no circo. Uma simples discussão gerando um conflito envolvendo dezenas de pessoas, que arremessam pastelões (daí a expressão “comédia de pastelão”); centenas de guardas perseguindo um ladrão sem conseguir alcançá-lo, são alguns exemplos. O gênero ganhou impulso com o produtor e diretor, nascido no Canadá, Mack Sennett (1880 –1960), conhecido como o “rei da comédia”. Ao lado dos atores Roscoe “Fatty” Arbuckle, Minte Durfee, Chaste Conklin, Hank Mann, Charlie Chase e Edgar Kennedy, Sennett desenvolveu um estilo de fazer rir único, usando e abusando do “pastelão”, da montagem ágil, do ritmo frenético, e dos roteiros que exploravam situações absurdas e irreais. Entre as criações de Mack Sennett, destacam-se os divertidos Keystone Cops., enlouquecidos e anárquicos policiais que provocaram verdadeiras gargalhadas nas platéias com sua maneira agitada e quase surreal de combater o crime. Foi, também, Sennett quem descobriu talentos como Charles Chaplin e Buster Keaton. Outro grande nome da comédia muda foi o fantástico francês Max Linder (1883-1925), que, em 1910, já havia alcançado a glória. Suas comédias são farsas de interesse humano, que restituem a rua como cenário, o movimento como expressão. Seu tipo cavalheiro, elegante, de espírito galante e sedutor (mas sempre sem dinheiro), um malandro simpático que usava cartola, gravata, bengala, bigodes e cabelos bem penteados, conquistou a platéia do mundo inteiro, influenciando outros comediantes, entre eles Charles Chaplin. Linder atuou em várias comédias, nos Estados Unidos, como “Max comes across”, “Max wants a divorce” e Max in a táxi”, todas de 1917. Os memoráveis Oliver Hardy (1992-1957) e Stan Laurel (1890-1965), famosa dupla conhecida no Brasil como “o gordo e o magro” são outros nomes memoráveis dos filmes silenciosos. A química entre os dois era magnética e funcionava com perfeição na tela. Hardy era grande, mandão e o articulador intelectual das trapalhadas; e Laurel o seu oposto, pequeno, frágil, chorão e pueril. Entretanto, os geniais Buster Keaton, Charles Chaplin e Harold Lloyd são avaliados como os maiores comediantes da comédia antiga. Joseph Francis Keaton Jr ou Buster Keaton criou um tipo inesquecível: “o cômico que nunca ri”, personificando um herói ingênuo e atrapalhado cuja fé nos valores morais e em sua própria obstinação o leva a triunfar. Keaton recebeu o apelido Buster (que em inglês significa “demolidor”), do renomado mágico húngaro Harry Houdini, quando tinha apenas 6 meses de idade, por ser resistente aos tombos. Fez diversos filmes, como “The Three Ages (1923), Our Hospitality (1923), Sherlock Jr. (1923), The Navigator (1924), “Battling Butler” (1926), mas foi consagrado pela produção, de 1927, “A General” onde fez a sua melhor performance como ator e diretor. Sempre quando pensamos em filmes mudos, logo lembramos de Charles Spencer Chaplin (1889-1977), que imortalizou no cinema o seu tipo mais famoso: Carlitos, o agradável vagabundo que usava bengala, chapéu coco e calças largas. Realizou obras-primas como ‘O Garoto”(1921), “Em Busca do Ouro”(1925) , “O Circo”(1928) e teve a ousadia de continuar fazendo filmes mudos em plena “febre” do cinema falado, como “Luzes da Cidade”(1931) e “Tempos Modernos” (1936). Harold Lloyd (1893-1971), também inventou um tipo famoso: um homem comum, com boas intenções, muitas vezes assustado pelo mundo insano que o rodeava, um otimista, sortudo e tolo que usava um par de grossos óculos de aros redondos. Durante os anos 20, sua bilheterias concorriam com as de Chaplin e Keaton. Fazia várias cenas perigosas e, na maioria das vezes, dispensava dublês. A combinação do seu jeito engraçado com a sua habilidade acrobática lhe deu notoriedade. Seu filme mais famoso foi “O Homem-Mosca” (1923). Os filmes eram silenciosos (acompanhados apenas pelo som da música de piano ou pequenas orquestras), todavia, o barulho que se ouvia dentro das salas escuras eram as risadas soltas, os aplausos demorados, a alegria contagiante do público que se encantava com as cenas hilariantes e as magistrais “brincadeiras” dos “palhaços” na grande tela. O mundo nunca sorriu tanto.



Dicas de filmes :

EM BUSCA DO OURO

Muitos filmes de Charles Chaplin foram os preferidos do público no mundo inteiro durante décadas, entretanto, “Em Busca do Ouro” (1925) é considerado o mais importante de suas obras, pelo qual o cineasta/ator queria ser lembrado. Chaplin adaptou para o cinema duas fontes históricas de elementos dramáticos ao seu estilo: a real epopéia dos exploradores de ouro (1893-1910), no Alaska, onde milhares de homens desesperados tentavam mudar sua vida em busca de riqueza; e o episódio da expedição de Donner, em 1846, que procurava uma passagem entre as montanhas para chegar à Califórnia, e que resultou em uma tragédia. O diretor narra as aventuras de Carlitos pela “imensidão branca” e focaliza, em especial, o tema da fome. É um filme obrigatório, principalmente pelas cenas antológicas, como a da famosa dança dos pãezinhos, o devaneio do aventureiro Big Jim (Mack Swain), que vê Carlitos transformado em frango, e a mais célebre, o banquete da bota cozida. O filme, com 83 minutos de duração pode ser encontrado nas versões VHS e DVD.

A GENERAL

“A General” foi o projeto preferido de Buster Keaton, onde ele se entregou de coração e alma, seu filme mais épico e, também,o mais caro. O cineasta conta a história do maquinista Johnnie Gray (Keaton), apaixonado por sua locomotiva a “General” e por sua namorada Annabelle Lee (Marion Mack), que quer se alistar como soldado Confederado (sul) para lutar na Guerra Civil Americana contra o exército da União (Norte). Entretanto, o mesmo é rejeitado, pois seus serviços como maquinista seriam mais úteis. Por este motivo, sua amada o rejeita por considerá-lo um covarde. Tendo perdido seus dois amores, que foram seqüestrados por um comando de espiões ianques, Johnnie se lança à perseguição, entrando no território inimigo, descobrindo os seus planos e resgatando Annabelle e “General”. Perseguido pelo exército opositor, Johnnie consegue chegar à frente de combate e, ainda, participar heroicamente da batalha final. Envolvente e divertido “A General” é uma jóia rara do cinema. Pode ser encontrado nas versões VHS e DVD e tem 75 minutos de duração. Para saber mais sobre o cinema mudo: *Vocês ainda não ouviram nada. A barulhenta história do cinema mudo. (Celso Sabadin Lemos, Editorial, 2000).


A história do cinema – Parte I

A história do cinema – Parte I (20/03/2004)
SIGNIFICADO: A palavra cinema origina-se do cinematógrafo (invenção dos irmãos Lumière), que vem do grego “kinema”, movimento e “ghaphein”, registrar. Cinema significa registro do movimento, e pode ser definido como a arte de produzir imagens em movimento. Entretanto, o cinema é antes de tudo uma ilusão de ótica. Só enxergamos as imagens se movimentando na tela porque somos portadores de uma deficiência visual chamada “persistência retineana”, ou seja, uma característica do olho humano que faz com que uma imagem permaneça fixa na retina por algumas frações de segundos, mesmo depois de não estarmos olhando para ela. Nossos olhos não são capazes de perceber, durante a projeção, os intervalos que separam os fotogramas na cópia do filme. Fotogramas constituem uma série de fotografias paradas, cada uma das quais representando uma parte de um movimento completo. Quando aparece uma faixa negra, ainda estamos vendo o fotograma anterior, e continuamos vendo o fotograma que vem depois da faixa quando o fotograma seguinte toma o seu lugar. Isto quer dizer que uma sucessão de figuras (imagens) passadas torna-se capaz de mostrar a sensação do movimento contínuo. Atualmente a velocidade da filmagem é de 24 fotogramas por segundo. O cinema é, também, conhecido como “a sétima arte”. Esta expressão foi criada pelo crítico e estudioso de cinema Ricciotto Canudo , italiano radicado na França, e fundador do “Clube dos Amigos da Sétima Arte”, e popularizada, no início da segunda década do século XX, época dos “filmes de arte” franceses, colocando o cinema no mesmo patamar de status do teatro, da música, da literatura, do balé, da pintura e da escultura. Esta denominação é bastante utilizada atualmente. Segundo Louis Delluc, “o cinema é, talvez, a única arte realmente moderna, porque é ao mesmo tempo filha da máquina e do ideal humano”. A princípio, o cinema foi apenas uma maravilhosa invenção mecânica. Depois, sua linguagem evoluiu, a técnica e seus efeitos se sofisticaram, até chegar à fase atual, caracterizada por uma evolução dos temas, do conceito de personagem e do conceito de estrutura narrativa. PRECURSORES: A preocupação do homem com o registro do movimento é muito antiga. O desenho e a pintura rupestres foram as primeiras formas de representação da vida humana e da natureza registradas pelos nossos ancestrais, produzindo narrativas através de figuras. Durante séculos, civilizações buscaram meios para produzir a realidade. A mais remota precursora do cinema de que se tem noticia é a Sombra Chinesa. Surgidas na China, por volta de 5.000 a.C., e difundidas na Índia e em Java, o jogo de sombras do teatro de marionetes oriental projetavam silhuetas de figuras humanas, animais ou objetos recortados sobre paredes ou telas de linho. O operador narrava a ação quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões. No século XV, Leonardo da Vinci enuncia o princípio da Câmara Escura. O invento é desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que consiste em projetar imagens numa caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa. A Câmara Escura permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto escuro. No século XVII, o alemão Athanasius Kircher cria a Lanterna Mágica, que se baseia no processo inverso da câmara escura, composta por uma caixa cilíndrica iluminada à vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. A Lanterna Mágica é considerada a precursora das sessões de cinema. Nos séculos XVIII e XIX, o teatro em caixa é apresentado nas ruas e feiras. O apresentador, puxando fios, desenrola cenas iluminadas por velas. No fim do século XIX, as placas de lanterna mágica não são mais apenas pintadas à mão, mas podem ser recobertas de cromolitografias ou de fotografias. O teatro passa também por uma renovação, com os espetáculos do cabaré parisiense “Le Chat Noir”, em que se projetam silhuetas em zinco, variando as cores e a intensidade luminosa. SÉCULO XIX: A invenção da fotografia pelos franceses Joseph- Nicéphone Niépce e Louis-Jacques Daguerre abre caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista. Sendo o fenômeno da “persistência retineana” conhecido desde a antiguidade, o problema dos cientistas era descobrir o princípio da composição e decomposição do movimento a partir de uma série de imagens fixas. Em 1832, Plateau inventa um aparelho o fenacistoscópio, formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes, ao girar o disco elas adquiram o movimento. Durante todo o século XIX, inventores tentam produzir a ilusão do movimento. Em 1833, o britânico W.G. Horner idealiza o zootrópio, jogo baseado na sucessão regular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud cria o teatro óptico, uma combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Na mesma época, Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimenta o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia, a fixação de fotografias de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema. Contudo, o inventor americano Thomas Alva Edison, desenvolve, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide perfurado. E, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio. A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière idealizam o cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película, conseguindo projetar imagens ampliadas numa tela. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o cinema nascia oficialmente, o público viu, pela primeira vez, filmes como “A saída dos operários da fábrica Lumière” e “Chegada de um trem à estação”, breves testemunhos da vida cotidiana. O cinema começava a dar os seus primeiros passos. O CINEMA MUDO: No início do século XX, a arte cinematográfica já era uma indústria, os filmes silenciosos divertiam o público com a força das suas imagens e das expressões dos atores. As cenas eram acompanhadas por instrumentos musicais e por pequenas orquestras e apresentavam legendas que explicavam as ações ou o diálogo dos personagens. Desde a sua origem até o seu apogeu, o cinema mudo evoluiu. Os primeiros filmes eram curtos e rudimentares, apenas documentários sobre a vida cotidiana, marca dos irmãos Lumière; O gênero ficção foi introduzido pelo ilusionista, diretor, ator, produtor, figurinista e fotógrafo Georges Méliès, conhecido como o criador do espetáculo cinematográfico, que desenvolve diversas técnicas como: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes, truques ópticos, precursores dos efeitos especiais. Dos trabalhos que marcaram destacam-se “O encouraçado Maine” (1898), “A caverna maldita” (1898), “A gata borralheira” (1899) e sua obra-prima mais conhecida “Viagem à Lua” (1902); Edwin Porter inaugura o western americano com “O Grande Roubo do Trem” (1903), e marca o começo da indústria do cinema; David Griffith estabeleceu a linguagem narrativa, seus maiores sucessos são “O Nascimento de uma Nação” (1915) e “Intolerância” (1916). Escolas experimentais expandiram a estética do cinema e legalizaram a sua visão artística, como: A Escola de Brighton, na Inglaterra: seus principais representantes foram James Williamsom e George Albert Smith que tinham predileção por filmagem ao ar livre, com luz natural, em amplos espaços. Esta tendência, combinada com o aprimoramento das técnicas de montagem e planificação, criou um tipo de filme envolvente e vibrante, entre eles se destaca “Attack on a China Station”, de Williamson, onde a câmara não permanecia fixa, obedecendo o ponto de vista do espectador, fazendo com que o mesmo participasse da ação. Os ingleses são considerados os pais dos filmes de perseguição. Na França com Charles Pathé e Ferdinand Zecca, que realizam filmes longos em que substituem a fantasia pelo realismo, com “Histoire d’um Crime”(1901) e “Lês Victimes de L’Alcoolisme”(1902). Seus filmes eram simples, diretos, claros e objetivos, e também, utilizavam doses de erotismo e aberrações; Léon Gaumont , montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos, como o cronotógrafo, um equipamento que unia projetor e câmara ao mesmo tempo, o cronofone (1902), um sistema que tentava sincronizar o som dos filmes com um disco previamente gravado, e o cronochrone (1912), uma técnica que se utilizava de três cores para proporcionar a sensação de filmes coloridos. Gaumont produziu pequenos filmes; a primeira mulher cineasta, Alice Guy; secretária de Gaumont. A Itália, produziu grandiosos espetáculos culturais. O filme mais conhecido foi “Cabiria”(1914), de Giovanni Pastrone, que utilizou cenários suntuosos com locações na Tunísia, Sicília e nos Alpes, alcançando sucesso internacional. A Alemanha foi o berço dos filmes de terror. A série “Der Golen”(1914), de Paul Wegener é tido como um clássico do terror antigo. A Rússia se destaca com experiências pioneiras, como o “stop motion”, efeito de animação através de filmagem quadro a quadro. Um dos filmes mais conhecidos é “A Bela Leukanida”(1912), de Wladyslaw Storewicz, que usa bonecos animados. O expressionismo alemão, o construtivismo Russo e o Surrealismo Espanhol surpreenderam com sua complexidade e inovação. O expressionismo alemão: a obra que inaugurou e até hoje simboliza o expressionismo no cinema é o “Gabinete do Dr. Caligari”(1919), de Robert Wiene. As perspectivas distorcidas, os cenários grosseiros, móveis, que não se encaixavam na anatomia humana, um forte jogo de luzes e sombras, e uma aberta discussão sobre a sanidade e a loucura, transformou o filme numa obra obrigatória dos cursos de cinema e em todas as listas dos mais importantes filmes do século. Outro gênio do expressionismo alemão foi Fritz Lang, uma das suas obras-primas foi “Metrópolis”(1927), o mais caro filmes já rodado na Alemanha. A visão futurista do homem dominado pelo sistema capitalista até hoje impressiona. Os gigantescos edifícios, pontes, viadutos e construções dispostas de forma caótica, cria um ambiente claustrofóbico. O construtivismo russo: “Greve” e “Encouraçado Potemkim”, ambos de 1925, de Sergei Eisenstein, revoluciona a arte e a técnica da montagem, imprimindo em seus filmes um ritmo e uma riqueza visual jamais apreciada até então. Este último filme colocou a União Soviética no mapa do cinema e fez de Eisenstein uma celebridade do dia para a noite. O surrealismo espanhol: com Luis Bǔnuel e Salvador Dali. A produção “Um Cão Andaluz”(1928), mostra uma série de imagens chocantes, aparentemente sem conexão umas com as outras. Com a primeira guerra mundial, o cinema se concentrou nos Estados Unidos. Em Hollywood, na Califórnia, nasceram os primeiros grandes estúdios, como a Universal, a Keystone, a Paramount, Fox, United Artists, Columbia, entre outros. A denominação “estrela” passou a consagrar e a imortalizar mitos como Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Rodolfo Valentino, John Barrymore, Theda Bara, Gloria Swanson, Greta Garbo, entre muitos. Os reis da comédia Max Linder, Mack Sennett, Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, Stan Laurel e Oliver Hardy ( a dupla “o gordo e o magro”) e diversos outros, ampliaram e solidificaram o cinema como o mais popular das diversões. Exatamente quando a imagem silenciosa alcançava o seu ápice, o cinema começava a falar. DICA DE FILME: O ENCOURAÇADO POTEMKIM (“Bronenosets Potyemkim”,1925). No dia 21 de dezembro de 1925, estréia “O Encouraçado Potemkim”. Obra-prima de Sergei Mikhailovitch Eisenstein (1898-1948) e considerado um dos melhores filmes do mundo. Eisenstein criou esta produção quando tinha 27 anos de idade e filmou-a em apenas dois meses. Originalmente pensado para comemorar o vigésimo aniversário da revolução russa , a fita conta o episódio do histórico motim do Potemkim ocorrido em 1905. O levante ocorre em virtude das péssimas condições que são submetidos os marinheiros como comer carne estragada e dormir amontoado em redes. O filme é mudo ( com legendas) e conta com a tensa música de Dimitri Shostokovich que soube dar a dramaticidade necessária a trama. A cena da escadaria de Odessa tem sido imitada até hoje em muitos filmes como foi o caso de “Os Intocáveis”, de Brian de Palma que percebeu o apelo dramático da seqüência. As técnicas de montagem de Eisenstein foram depois sistematizadas em dois livros “A forma do filme” e “O sentido do filme” que influenciaram todos os que fizeram cinema posterior a ele. Para compreender o cinema atual, do roteiro a montagem, é obrigatório qualquer teórico do cinema estudar a obra de Eisenstein. Por sua obra completa (filmes e livros), Eisenstein pode ser considerado um dos maiores realizadores da história do cinema. O tempo de duração do filme é de 74 minutos. Pode ser encontrado em DVD, com legendas em português, e conta ainda com um bônus com a filmografia e a biografia do diretor.

A História do Cinema - Parte I : Continuação

A História do Cinema - Parte I : Continuação
O CINEMA MUDO - BRASIL (29/03/2004) O cinema foi apresentado ao público brasileiro, pela primeira vez, no dia 08 de julho de 1896, na Rua do Ouvidor, nº 57, Rio de Janeiro. Os filmes eram todos vindos da Europa. O primeiro local a projetar os filmes de maneira regular foi o Salão de Novidades de Paris, inaugurado em 31 de julho de 1897, na Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro. As produções eram em sua maioria vindos da Europa e dos Estados Unidos. O italiano Paschoal Segreto, proprietário do estabelecimento, recebeu o então presidente da República, Prudente de Moraes e comitiva para uma exibição pública, em junho de 1888. Até 1905, Paschoal e seu irmão Gaetano eram os únicos produtores cinematográficos do país e rodaram vários filmes sobre acontecimentos sociais e políticos da época. Gaetano Segreto entrou para a história como o realizador do primeiro filme brasileiro chamado “Vistas da Baía de Guanabara”, uma filmagem turística da entrada da cidade do Rio de Janeiro, quando estava a bordo do navio francês Brésil. O cinema foi tornando-se cada vez mais popularizado e aceito em todo o país. De norte ao sul a produção cinematográfica apresentou-se bastante intensa. Filmava-se de tudo, cine-jornais, reconstituição de casos policiais, episódios históricos, adaptação de obras literárias, documentários, ficções, dramas, romances, etc. Contudo, durante o período mudo, que se estabeleceu no Brasil até o início dos anos 30, filmes foram feitos isoladamente, em várias partes do país. Hoje essa produção é conhecida como CICLOS REGIONAIS, e os principais foram: 1) Ciclo de Campinas: cujo principal filme chamou-se “João da Mata”. Era um filme ainda com alguma imitação das aventuras norte-americanas, principalmente os "westerns", mas que já trazia alguma preocupação social, pois se tratava de uma história de um sitiante que perde sua terra para um grande fazendeiro; 2) Ciclo de Porto Alegre: com filmes feitos pelo cineasta Eduardo Abelim. Sobre esse cineasta existe um filme chamado: “Sonho sem fim”; 3) Ciclo do Recife: com muitos filmes realizados naquela cidade, na década de 20. O principal deles intitula-se “Aitaré da praia”; 4) Ciclo de Guaranésia: (MG) cujo representante é o cineasta Almeida Fleming, com seus filmes: “In hoc sigo vince” e “Paulo e Virgínia”; 5) Ciclo de Belo Horizonte: com filmes feitos pelo italiano Igino Bonfioli: “Canção da Primavera”, “Tormenta” e pelo português José Silva: “Os Boêmios perante Deus”; 6) Ciclo de Cataguases (MG): de todos os ciclos, o mais importante, pois lançou as raízes do cinema brasileiro. Tem como representante principal o cineasta Humberto Mauro. Seu primeiro filme “Valadião, o cratera”, é um curta, que imita filmes de aventura americanos exibidos na época. Logo depois Mauro cria uma Sociedade Anônima com as pessoas da cidade, a “Phebo Sul América Film”. Produz, escreve e dirige: “Na primavera da vida” (1926). No ano seguinte, 1927, é produzido “Tesouro perdido”. Até aqui Mauro realiza um cinema um tanto provinciano, mas já demonstra um senso de brasilidade, criando imagens do homem e dos ambientes brasileiros. No Rio de Janeiro, o último filme ganha o prêmio, "MEDALHÃO CINEARTE", outorgado pela revista especializada em cinema do mesmo nome. O prêmio gera uma amizade entre Mauro e Adhemar Gonzaga, da revista, que passa a prestigiar o cineasta mineiro. O próximo filme de Humberto Mauro é “Brasa Dormida”, (1928) de produção mais ambiciosa, com algumas cenas rodadas no Rio de Janeiro. Neste filme Mauro conta na fotografia com Edgar Brazil, que se tornaria um dos maiores fotógrafos de cinema da época, tendo também fotografado em 1930 o famoso filme de Mário Peixoto: “Limite”. Em 1929, Humberto Mauro realiza o seu quarto longa-metragem, “Sangue Mineiro”, com imagens feitas em Belo Horizonte, tendo como sócia na produção a portuguesa Carmem Santos, que também se tornaria uma das pioneiras do cinema no Brasil. “Brasa Dormida” é considerado um dos três mais importantes longas-metragens do cinema brasileiro. Os outros dois são “Barro Humano”, de Adhemar Gonzaga e “Limite”, de Mário Peixoto. Contudo, para efeito histórico o primeiro filme longa-metragem brasileiro foi “O Crime dos Banhados”, com mais de duas horas de duração, rodado entre 1913 e 1914, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Baseado em fatos reais, fala das lutas políticas da região, que culminaram com o massacre de uma família inteira. Seu roteirista, produtor, diretor e cinegrafista foi o português Francisco dos Santos. Dica de Filme: LIMITE (1931) de Mário Peixoto. “Limite” foi recuperado pela extinta Embrafilme, e pode ser visto em vídeo. Com 110 minutos e músicas de Ravel, Stravinski, Villa Lobos entre outros, é poético, intimista, repleto de fusões, cortes e ângulos dos mais criativos já feitos. É o único da carreira de Mário Peixoto, que tinha apenas 22 anos quando o rodou. A frase de Clarice Lispector “a vida é tão curta e eu não estou agüentando viver” fala da capacidade humana de suportar a dor e o cotidiano. O tema no “Limite” é a ânsia do homem pelo infinito. A situação é um barco perdido no oceano com três náufragos: um homem e duas mulheres. O filme começa no barco, onde eles estão abatidos e deixando de remar, parecendo conformados com o destino. “Limite” se projeta sobre a vida de três pessoas que falam de suas vidas. Dessa maneira nos proporciona uma visão pessoal de cada narrador. A realidade aparece como um contínuo caminhar, nada é descritivo. O estremecimento dos personagens é transfigurado para nós em imagens, para entendermos os sentimentos dos personagens. Embora não tenha sido distribuído comercialmente, “Limite” conquistou nas sessões especiais em que costuma ser exibido um grupo de cinéfilos que o mantêm vivo até hoje. Primeiro filme brasileiro a alcançar um indiscutível sucesso de crítica, figura hoje ao lado dos grandes clássicos da cinematografia mundial. Ainda que pouco visto, tornou-se citação obrigatória na história do cinema. Limite pertence à categoria dos filmes especiais, pois até hoje é objeto de estudos para a teoria do cinema, a literatura, a semiologia e as plásticas. Foi considerado o melhor filme brasileiro de todos os tempos em duas esquetes nacionais. Sinopse: Três personagens, um homem e duas mulheres estão num barco em alto mar. Esgotados, param de remar, abandonando-se à própria sorte e relembram o passado.

A história do cinema – Parte II

A história do cinema – Parte II (17/04/2004)
O CINEMA SONORO: O cinema nunca foi totalmente silencioso, pois os filmes eram acompanhados por músicas de piano ou de pequenas orquestras. Em alguns países a figura do narrador foi popularizada, o mesmo explicava a história ao público enquanto as cenas eram projetadas. Muitos filmes, desde os primórdios do cinema, já apresentavam, além da música, ruídos especialmente compostos, o que faltava era uma conjunção mecânica entre a fonte da imagem e a fonte do som. As primeiras experiências de sonorização, feitas por Thomas Edison, em 1889, são seguidas pelo grafonoscópio de Auguste Baron (1896) e pelo cronógrafo de Henri Joly (1900), sistemas ainda falhos de sincronização imagem-som. Em 1906, Eugène Laste patenteou um aparelho “para registrar o som sobre o filme, ao lado da imagem, na mesma velocidade que esta”. Em 1907, o registro foto-elétrico do som é obtido pelo americano Lee de Forest, com um aparelho de gravação magnética em película, que permite a reprodução simultânea de imagens e sons. Em 1926, existiam três processos de sonorização: um processo americano de registro em discos, chamado ”Vitaphone”; outro processo americano de registro na película, o”Movietone”; e um processo alemão, também de registro na película, o “Tobis”. O “Vitaphone” era uma máquina revolucionária para a época. Um disco de 40,6 cm gravado com o som do filme girava 33 ½ rotações por minuto. Dois motores, um para o toca discos e outro para o projetor, rodavam na mesma velocidade, comandados por uma mesma engrenagem elétrica que garantia o sincronismo. Ainda em 1926, a Warner Brothers compra o “Vitaphone”, com o objetivo de realizar um antigo sonho:o cinema sonoro. Em 17 de junho de 1926, a Warner compra o Picadilly Theatre, em Nova York, instala um sistema de som, rebatizando o teatro como Warner Theatre. No mesmo ano, os irmãos Warner, apresentaram em caráter experimental, o primeiro programa sonoro: um discurso filmado do censor Will Hays, um filme da Orquestra Filarmônica de Nova York, tocando a abertura “Tannhauser”, Marion Talley cantando “Caro Nome”, da ópera Rigoletto, o comediante Ray Smeck tocando violão e recitando um monólogo, Giovanni Martinelli cantando “Vesti la Giubba”, de Pagliacci, a dupla Cansino (pais de Rita Hayworth) dançando sapateado, o hino nacional com a Filarmônica de Nova York e a exibição do filme “Don Juan”, com John Barrymore. No dia 06 de outubro de 1927 o cinema pela primeira vez falou publicamente, foi a estréia de “The Jazz Singer” (“O Cantor de Jazz”), com Al Jolson. O filme consagrou o chamado cinema falado, cantado e dançado, teve apenas duas cenas faladas, num total de 354 palavras. Al Jolson disse quase tudo, pronunciando 340 delas, Eugene Besserer ficou com 13 palavras e Warren Oland só com uma: “stop”. O filme foi ovacionado, um sucesso de público. E, o cinema nunca mais foi o mesmo. Entretanto, a adesão de quase todas as produtoras ao novo sistema abala convicções, causa a inadaptação de atores, roteiristas e diretores, e reformula os fundamentos da linguagem cinematográfica. Diretores como Charles Chaplin e René Clair estão entre os que resistem à novidade, mas acabam aderindo-a. O mundo cinematográfico se transformou com a novidade, o público não queria mais ver filmes mudos, todas as salas de exibição e estúdios tiveram que ser reconstruídos e equipados priorizando o isolamento acústico. Astro e estrelas de vozes feias ou que não sabiam falar o idioma inglês viram suas carreiras desabar. Roteiristas, criadores de diálogos e professores de dicção passaram a ser valorizados. As grandes tomadas de perseguição externas ficaram suspensas por um período, pois ainda não havia tecnologia para desenvolver um sistema portátil de captação de som. Dos Estados Unidos, os filmes sonoros se estenderam para o mundo. O cinema se converteu em um espetáculo visual e sonoro, destinado a um público maior, passando a dar mais importância aos elementos narrativos, o que levou a arte ao realismo e à dramaticidade do dia-a-dia. Consolidado com obras como “Aleluia!” (1929), de King Vidor e “Aplauso” (1929), de Rouben Mamoulian, o cinema sonoro resistiu à crise econômica da grande depressão e gradativamente enriqueceu gêneros e estilos. Mesmo com a crise que abalava o país, Hollywood continuou investindo no cinema. A comédia, com Frank Capra, era a melhor representação de otimismo que sensibilizava os americanos, com obras aplaudidas como “O Galante Mr. Deeds” (1936), “Do mundo nada se leva” (1938), “A mulher faz o homem” (1939). Durante os anos 30, os filmes de gângster se popularizaram, o problema do banditismo urbano, foi abordado em filmes de impacto, como “O inimigo público” (1931), de William Wellman, e também em “Scarface, a vergonha de uma nação” (1932), de Haward Hawks. Este gênero se aproveitou totalmente do advento do som, usando fortemente o estrondo das metralhadoras para entreter o espectador. Os diálogos passaram a ser dominados por dramaturgos e roteiristas de peso da Broadway, com Bem Hecht, Charles MacArthur (“O Morro dos Ventos Uivantes”, de 1939). Hollywood focalizou os heróis e vilões da saga da conquista do oeste em filmes de ação como “No tempo das diligências” (1939) e muitos outros de John Ford; Raoul Walsh, que em 1930 já experimentava a película de setenta milímetros com “A grande jornada”; King Vidor, com “ O vingador” (1930), e ainda William Wellman, Henry King, Cecil B. DeMille, Henry Hathaway e outros. Outras vertentes fluíram, como o musical de Busby Berkeley e a série dançante de Fred Astaire e Ginger Rogers; as comédias malucas e sofisticadas que consagraram Ernst Lubitsch, Leo McCarey, Howard Hawks, William Wellman, Gregory La Cava e George Cukor, além dos irmãos Marx, que dispensavam diretores; e os dramas de horror como “Frankenstein” (1931), de James Whale, “ Drácula”(1931), de Tod Browning, “ O médico e o monstro” (1932), de Roubem Mamoulian, e “A múmia” (1932), de Karl Freund. Finalmente floresceu o melodrama, com torrentes de sentimentalismo, dilemas morais e a supremacia feminina. Na Europa, “Alvorada do Amor”, de Ernst Lubtisch, “O anjo azul”(1930), de Joseph Von Sternberg, e “M, o vampiro de Dusseldorf”(1931), de Fritz Lang, são alguns dos primeiros grandes títulos. Na Inglaterra, o mestre do suspense, Alfred Hitchcock, faz o seu primeiro filme sonoro, “Chantagem” (1929). Os produtores inicialmente pensaram em fazê-lo mudo, mas, durante as filmagens mudaram de idéia. Dos anos 30 até a Segunda Guerra, apesar de Hollywood concentrar a maior parte da produção cinematográfica mundial, alguns centros europeus como França, Alemanha e Rússia produzem obras que merecem destaque. Na França o realismo poético, com melodramas policiais de fundo trágico, de Jean Renoir, “A grande ilusão”, “A besta humana”, Marcel Carné, “Cais das sombras”, Julien Duvivier, “Um carnê de baile”, e Jean Vigo, “Atalante”, fornecem uma perspectiva lírica dos problemas sociais. Com a invasão nazista estes cineastas são exilados. A Rússia se destaca com a produções “A nova Babilônia”, de Grigori Kozintsev, “Volga, Volga”, de Grigori Aleksandrov, “Ivan, o terrível”, de Eisenstein", e a “Trilogia de Máximo Gorki”, de Mark Donskoi, merecem destaque em um período dominado por filmes de propaganda sobre os planos qüinqüenais, impostos por Stalin. Na Alemanha o nazismo descobre o cinema como instrumento de propagando do regime, com “O triunfo da vontade”(1935) e “Olimpíadas” (1936) de Leni Riefenstahl, e “O judeu Suss” (1940), de Veidt Harlan. Nos anos 40, nos Estados Unidos, Orson Welles lança “Cidadão Kane” (1941), que introduz uma novidade narrativa para a época, o recurso do “flashback”. Introduz, também, inovações tecnológicas como o uso sistemático da profundidade de campo, posições de câmara inusitados (plangée e contra-plangée), uso de diferentes tipos de lentes, com planos mais longos do que o habitual e a interferência da voz narrando algumas situações. Com o fim da segunda guerra mundial, o cinema entrou em uma fase de transição cujas principais características foram o repúdio às formas tradicionais de produção e um inédito compromisso ético dos artistas. Assumindo atitude mais crítica em relação aos problemas humanos, o cinema rompeu com a tirania dos estúdios e passou a procurar nas ruas o encontro de pessoas e realidades. Na Itália Roberto Rosselini filmou “Roma, cidade aberta” (1945), filme que inaugurou o neo-realismo, movimento anticonformista que retrata tipos humanos que se recusam a ceder ante a desgraça e os males da guerra. Com “Crises D`alma” (1950), de Antonioni, foi introduzido novas formas narrativas, mais líricas e mais densas, mais européias também do que as sustentadas pela ortodoxia neo-realista. A multiplicidade de estilos e influências marcam as produções cinematográficas contemporâneas. A Itália inicia a década de 60 com um cinema mais intimista. A França vive a “nouvelle vague” ou onda nova. Nos EUA, destaca-se a Escola de Nova York e, no Reino Unido, o “free” cinema. A partir do neo-realismo italiano o cinema se renova em várias partes do mundo: Alemanha, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Canadá e em países da Ásia e América Latina, como Brasil e Argentina. Além disso, começam a despontar as produções cinematográficas de países subdesenvolvidos, em processo de descolonização. CONTINUA....... DICA DE FILMES: “M, o vampiro de Dusseldorf” (1931) e “O morro dos ventos uivantes” (1939). M, o vampiro de Dusseldorf Primeira obra-prima do cinema falado, essencialmente pela sua utilização do som como um elemento da linguagem narrativa. O filme significou a consagração do diretor Fritz Lang e passou a ser uma referência do cinema expressionista alemão. Nesta produção de 1931, o cineasta aborda alguns dos seus temas favoritos: os vários rostos do poder para garantir a ordem social, a vingança como meio de destruição, a inadaptação e a angústia do indivíduo numa sociedade prenhe ao nazismo. Baseada na história real de Peter Kurten, um assassino de crianças que, em 1925, semeou o terror na cidade de Dusseldorf, o filme conta com um grande ator no papel de protagonista, Peter Lorre, que apresenta uma interpretação magnífica como o atormentado assassino Hans Beckert. Pode ser encontrado em DVD e tem duração de 1 hora e 36 minutos. Sinopse: Um serial killer assusta a cidade alemã de Dusseldorf matando crianças indefesas. Escapa da polícia, mas não das mãos de organizações criminosas pertencentes ao submundo local, que o pegam e o julgam com suas próprias leis numa velha fábrica abandonada. O ator Peter Lorre celebrizou-se por este papel. O morro do ventos uivantes O diretor William Wyler (Ben-Hur) leva às telas do cinema a trágica história de amor entre um homem impetuoso e uma jovem donzela. Com Laurence Olivier, David Niven e Merle Oberon. Este filme, um dos melodramas mais delirantes da história do cinema, estreou no dia 13 de abril de 1939, no Rivioli Teather de Nova York e no Hollywood Pantages de Los Angeles, com a presença de Eleanor Roosevelt. Baseado no romance imortal de Emily Brontë e com roteiro de Bem Hetch e Charles MacArthur, “O morro dos ventos uivantes” é um grande exemplo do tratamento dado aos temas românticos com a habilidade profissional de Hollywood. Indicado a oito Oscars, ganhou a estatueta por melhor fotografia em preto e branco (Greg Toland). O time de astros dá um brilho especial ao filme, o excepcional Laurence Olivier, em seu primeiro sucesso no cinema, criou um tipo que ficou eternizado, o inesquecível personagem Heathcliff , e Merle Oberon que alcançou o estrelato no papel de Cathy . Pode ser encontrado em DVD, e tem 1 hora e 53 minutos de duração. Sinopse: Humilhado por seu irmão de criação, Heathcliff (Laurence Olivier) torna-se um homem rico e em busca de vingança. Ao mesmo tempo, porém, o rebelde nutre uma paixão por Cathy (Merle Oberon), irmã do homem que deseja matar e que, durante os anos em que esteve ausente da Inglaterra, casou-se com o nobre Edgar (David Niven).

O Cinema Nazista

O Cinema Nazista (11/05/2004)
A arte cinematográfica da Alemanha nazista (1933-1945) foi amplamente utilizada como forma de propaganda do regime e se apresentou como uma arma vital na dominação do governo sobre o seu povo. Os cineastas alemães da época usavam com perfeição a estética cinematográfica. A composição das cenas, o jogo de luzes e sombras, os planos, os movimentos de câmara e os ângulos de tomada, complementados por recursos técnico-artísticos como a cenografia, a fotografia, o vestuário, a decoração, a música, a dança, a pintura e os truques, eram feitos com brilhantismo, exatos em detalhes para divertir o público e, ao mesmo tempo, propagar o sentimento nacionalista e o heroísmo. O governo nazista usava o cinema como um instrumento audiovisual de forte impacto e longo alcance, cuja imagem era cuidadosamente trabalhada no sentido de combinar espaço e tempo para obter um ritmo narrativo que possibilitasse a transformação da realidade em espetáculo. Os filmes fascistas, muitas vezes documentários jornalísticos, invadiram basicamente o âmbito do sistema imaginário, criando um reflexo condicionado na população, um hábito positivo de aceitação de qualquer ordem ou informação vinda do regime. Os temas eram atentamente elaborados para ir de acordo com as expectativas do povo e adequados ao momento histórico e ao inconsciente alemão, como o arianismo, a pureza do sangue e a superioridade da raça; os enfoques dados às notícias eram fiéis à ideologia do partido e provocavam uma emoção de euforia junto às massas; o culto à figura do líder Adolf Hitler, que chegava a ser comparado aos grandes personagens da história mundial como o rei da Prússia, Frederico, O Grande, aparecia sempre como um messias em cenários suntuosos, exaltado de maneira heróica. O governo articulava as informações da forma que lhe interessasse, multiplicava slogans e estereótipos que fixavam seus ideais dogmáticos, além de acusar repetidamente e sem fundamentação as nações comunistas e democratas. O início dos anos 30 foi decisivo para a indústria cinematográfica alemã. Com a chegada dos nazistas ao poder, em 1933, o ministro de Propaganda Joseph Goebbels, também conhecido como “o patrono do cinema alemão”, descobre o cinema como a “melhor mídia já inventada, um dos meios mais modernos e científicos para agir sobre a massa”, ou seja, um instrumento poderoso e eficaz de manipulação popular que exerce influência sobre o espectador, que “ingenuamente” aceita as informações dos filmes como verdades absolutas. No mesmo ano, toda a indústria do cinema ficou inteiramente subordinada aos interesses do Estado. Mesmo com Hollywood dominando o mercado internacional e, apesar do controle estatal, o cinema nazista continuou sendo comercializado. A produção se limitou a alguns filmes de longa metragem e se concentrou no documentário e no cine-jornal que apresentavam com exclusividade a versão oficial da atualidade sócio-política. O resto dos filmes divulgava também a ideologia, mas de forma menos direta. Em 1934, uma nova legislação baniu, proibiu e confiscou tudo aquilo que fosse contrário ao regime. Entre 1937 e 1942, todas a produtoras independentes foram sistematicamente eliminadas do mercado. E, em 1938, a indústria cinematográfica alemã estava completamente integrada ao aparelho de propaganda do Terceiro Reich. A cinematografia nazista caracterizou-se por apresentar, em sua maioria musicais e comédias com diálogos conformistas e com pouca profundidade, ausência de qualquer espécie de crítica ao regime e uma narrativa clássica. Entre os diretores que se destacaram e desenvolveram um cinema totalmente aliado aos ideais nazi-fascistas estão Leni Riefenstahl (“Triunfo da Vontade”, 1935, e “Olimpíadas”, 1936) e Veit Harlan (“O Judeu Süss", 1940). “O Triunfo da Vontade” (1935) de Riefenstahl, foi um dos primeiros filmes do Partido Nazista, apresentando uma parada militar, o povo ariano e o líder Adolf Hitler em discurso e teve como objetivo fazer uma propaganda positiva do regime, com a intenção de seduzir o espectador a vestir a camisa do nazismo. A diretora impressiona com as imagens grandiosas da população durante a marcha, com cartazes mostrando a suástica. Enfatiza a unidade, a superioridade e o carisma do seu líder, cultua a virilidade, a saúde e a pureza do povo alemão, como também a perfeição do corpo humano e da arquitetura nazista. Cada aparição de Hitler era meticulosamente estruturada como uma peça teatral. “Olimpíadas” (1936), foi rodado durante as Olimpíadas que aconteceu no mesmo ano. Neste filme cheio de recursos técnicos e materiais, Leni Riefenstahl documentou, em 4 horas, a raça humana ariana em seu melhor preparo físico. Esta produção do pré-guerra impulsionou o povo alemão a acreditar que a sua raça era superior às demais e que era possível realizar o sonho da dominação mundial, criando uma mentalidade em que os “criminosos comunistas” e as “demoníacas nações democráticas ocidentais que pretendiam destruir a Alemanha” deveriam ser banidos do planeta. O cinema anti-semita alemão do período nazista igualava os judeus a ratos, cogumelos venenosos e doentes. O filme que focaliza este pensamento é “O Judeu Süss” (1940), baseado em fatos verídicos, mostrando os alemães como homens justos que dão um tratamento “merecido” a um judeu que havia monopolizado o poder em sua comunidade, e que, também, causou o suicídio de uma jovem ariana depois de tê-la submetido a uma desonra “pior que a própria morte”. BIBLIOGRAFIA: BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. Ed. Brasiliense. São Paulo, 2000. COSTA, Antônio. Compreender o cinema. Editora Globo. São Paulo, 1989.

TRÓIA: A HISTÓRIA, A LENDA E O FILME

TRÓIA: A HISTÓRIA, A LENDA E O FILME (11/06/2004) A megaprodução cinematográfica norte-americana de 250 milhões de dólares (extra-oficial), Tróia, em cartaz nos cinemas em todo o país, traz de volta a lendária história de amor, traição, honra, sangue, guerra, heróis e ruína. Tróia, uma civilização rica e próspera o suficiente para se defender de seus inimigos, mas que sucumbiu graças ao rapto da mais bela mulher do mundo, Helena, a obsessão de Agamenon por poder e a persistência do astuto herói grego Ulisses, que pacientemente arquitetou o plano do Cavalo de Tróia, o gigantesco animal de madeira que é oferecido como presente aos troianos. Essa conhecida narrativa sobre a Guerra de Tróia é considerada a mais lendária de todos os tempos. Sendo a referida guerra, a primeira da história do ocidente. Graças a Homero, considerado o pai da literatura ocidental, autor das primeiras obras literárias da antiga Grécia, a Ilíada e a Odisséia, temos a oportunidade de conhecer esta fabulosa lenda que apresenta relatos que podem ser verdadeiros. Tróia realmente existiu? Os antigos historiadores como Heródoto e Tucídides sempre acreditaram na Guerra de Tróia. Atualmente o arqueólogo alemão Manfred Korfmann, que desde 1982 está à frente dos trabalhos em Hissarlik, na Turquia, afirma ter encontrado as ruínas da cidade que era o centro comercial da Era do Bronze (leia mais em arqueologia). TRÓIA: Cidade proto-histórica, famosa na literatura e na lenda, identificada com uma das noves cidades superpostas descobertas na colina de Hissarlik, no extremo noroeste da Anatólia, dominando o Helesponto (Estreito de Dardanelos, na costa noroeste da Turquia). Seu interesse arqueológico é sobrepujado pela sua importância literária. A guerra que lhe causou a destruição está narrada na Ilíada, os mais antigos poemas épicos do ocidente, escritos antes de 750 a.C. e que se atribui a Homero. Este poema foi o primeiro do Ciclo Troiano - nome tradicional do complexo conjunto de lendas relacionadas à conquista e destruição da cidade de Tróia (ou Ílion, daí o nome Ilíada) por uma coalizão dos povos helênicos que prolonga na Odisséia, também atribuído a Homero, mas de composição posterior; ressurge na Eneida, de Virgílio, que conta a viagem de Enéias, de Tróia à Itália, passando por Creta, pelo Epiro, pela Sicília, por Cartago e novamente pela Sicília; e através de poetas como Dictys Cretensis, pseudo-historiadores como Dares e do escritor bizantino Joannes Tzetzes, refloresce no Ocidente Medieval com o “Romance de Troe” de Benoit de Saint-More(1184). A LENDA : Paris, filho do Rei Príamo de Tróia, havia raptado a mais esplêndida mulher do mundo, a formosa Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Disposto a vingar o ultraje, este reúne todos os gregos num poderoso exército, cujo comando cabe a Agamenon, rei de Micenas e irmão mais velho de Menelau, no qual destacam-se os mais famosos heróis da época: o invulnerável Aquiles e o astucioso Ulisses (Odisseu para os gregos). A legião de Agamenon atravessa o mar Egeu com uma frota de mais de mil navios. O cerco a Tróia durará dez anos, sucedendo de parte a parte grandes feitos heróicos, até que os gregos, sob inspiração de Ulisses, constroem um gigantesco cavalo de madeira e o abandonam perto das portas de Tróia, fingindo uma retirada. Como consideram o cavalo um animal sagrado, os troianos recolhem o presente. Apesar dos pressentimentos de Cassandra (filha de Príamo), os troianos introduzem na cidade o gigantesco animal, que trazia oculto em seu ventre os guerreiros de Ulisses. Abertas as portas, os gregos investem, sendo Tróia completamente saqueada e destruída. Príamo é morto em seu altar, o bebê de Heitor é jogado da sacada da muralha e morto, e Cassandra é estuprada. O herói troiano Enéias, filho de Vênus, escapa com alguns partidários e depois de muitas aventuras se instalará no Lácio, dando origem ao povo Romano. ARQUEOLOGIA: Heinrich Schiliemann, entre 1870-90, identificou o local da antiga Tróia com a colina de Hissarlik e ali descobriu sete cidades superpostas. Wilhelm Dörpfeld, que o auxiliava desde 1882, prosseguiu as escavações no período de 1893-94 e conseguiu reconhecer os restos de mais duas cidades. A existência destas nove cidades superpostas foi confirmada pelos cuidadosos estudos de Carl W. Blegen, americano da Universidade de Cincinnati, entre 1932-38, que nelas distinguiu 46 estratos construtivos agrupados em nove períodos. Tróia I, a mais antiga, é um pequeno recinto fortificado com menos de 50 m na parte mais larga, datada de 3000 a 2600 a.C., 1ª fase do Bronze Antigo. Tróia II, ainda bem pequena, fortificada, com uns 100 m de extensão máxima, seria mais um castelo, simples, porém rico; foi destruída pelo fogo cerca de 2300 a.C., nela foi descoberto um tesouro de jóias e objetos preciosos que Schilemann, pensando tratar-se da Tróia homérica, denominou tesouro de Príamo. Tróia III, IV e V foram pequenas cidades de mera importância local, entre 2300 a 1900 a.C. quando ali termina o Bronze Antigo. Tróia VI, já bem mais importante e rica, começa pouco antes de 1725 a.C., sendo destruída por um terremoto cerca de 1275 a.C. De suas ruínas, surge Tróia VII-a, a verdadeira Tróia épica, destruída por inimigos cerca de 1200 a.C. Tróia VIII é da época clássica da Grécia. Tróia IX pertence ao período helenístico-romano, quando Alexandre nela sacrifica a Aquiles, de quem julgava ser descendente; Lúcio Cipião, Sila, Augusto e Caracala entre outros, a protegeram e beneficiaram. A partir do séc. IV d.C. desapareceram completamente os vestígios históricos da cidade. É quase certo que a lenda possui um núcleo de verdade, mas é impossível provar-lhe a historicidade. A mais recente interpretação dos documentos hititas pertinentes (1957), favorece a hipótese de que os Ahhiyawa (Aqueus ? ) fossem um povo proto-grego vindo da Europa que, da região e na época de Tróia VI, tivesse enxameado pelo Egeu formando colônias de micenianos. Seria assim dessas colônias, que teriam partido os conquistadores de Tróia VII-a ? Mas, nessa época, as freqüentes migrações de povos tornam o problema insolúvel. O responsável por acabar com as dúvidas foi o alemão Manfred Korfmann, que comanda atualmente os trabalhos em Hissarlik. O arqueólogo, nos últimos 20 anos, reuniu inúmeras provas de que Schliemann estava certo. Hoje, poucos duvidam de que a localidade descoberta seja Tróia. Recentemente, Korfmann refutou mais um argumento da corrente de historiadores que ainda alimenta desconfianças em relação ao achado. É que em Ilíada, Homero retrata Tróia como sendo uma cidade portuária, a apenas a 600 metros de distância do mar. O problema é que Hissarlik fica a seis quilômetros da praia mais próxima. O argumento dos céticos caiu por terra depois que Korfmann realizou escavações em grandes profundidades e descobriu fósseis marinhos nos arredores, exatamente a uma distância aproximada de 600 metros de Tróia. Com isso, provou que o mar já estivera bem perto da cidade e, ao longo dos anos, recuou. Por sinal, este seria o motivo da decadência da nona Tróia, que havia perdido sua importância estratégica como cidade portuária do Mediterrâneo. O fato de Tróia ter realmente existido, entretanto, não significa que a cidade esteve envolvida numa guerra contra os gregos, pelo menos não num embate grandioso como o narrado por Homero. Tróia realmente era uma cidade fortificada, cercada por altas muralhas e trincheiras. Isto indica, acredita Korfmann, que houve a necessidade de se proteger de possíveis inimigos ao longo dos anos. Ossadas com indícios de morte violenta também foram achadas, o que contribui para confirmar a tese. Além disso, também foram descobertas pontas de lanças e flechas enterradas nos vãos das muralhas, o que indica que Tróia esteve sob ataque. Mas as evidências encontradas até o momento apontam para combates bem menores do que os descritos por Homero. E, possivelmente, tais enfrentamentos teriam sido motivados por interesses financeiros e não por ciúmes. Outro ponto que ajuda a embasar a idéia de que a Guerra de Tróia não aconteceu é a ausência de indícios arqueológicos dos regimentos gregos nas proximidades. Se eles realmente tivessem mantido um cerco de tão longa duração em volta de Tróia, teriam de haver resquícios arqueológicos de seus acampamentos nos contornos da cidade. Tais refugos, no entanto, nunca foram encontrados. HOMERO A Grécia é conhecida por ser um dos berços da civilização ocidental. Aos gregos são atribuídas realizações fabulosas nas áreas da filosofia, das artes plásticas, da literatura, da música, do teatro, da política, da ciência e da organização das cidades. Entretanto, a mitologia está entre as suas maiores contribuições e influencia toda a arte e a filosofia ocidentais, fornecendo-lhe os mitos e arquétipos básicos. As mais conhecidas narrativas da mitologia grega estão contidas nas duas grandes obras de Homero, a Ilíada e a Odisséia. A Ilíada é uma história de guerra e a Odisséia é uma história de viagens. Nela, Homero relata as aventuras de Odisseu (Ulisses) após a Guerra de Tróia. Durante dez anos o herói tenta retornar a Ítaca, seu reino, onde ansiosamente o aguardam o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Telêmaco; numerosas aventuras, porém, retardam sua volta. Homero era o último descendente de uma linhagem de poetas orais. Conta-se que a história da guerra de Tróia foi contada em forma de música épica sobre as grandes batalhas e heróis durante 500 anos até a invenção do alfabeto grego, sendo passada de geração em geração. Os textos da Ilíada são também os primeiros do alfabeto grego Embora os antigos gregos atribuíssem a Homero a autoria da Ilíada e da Odisséia não há nenhuma evidência de que ele tenha existido realmente. Estudos recentes situam a data de composição por volta de 750 a.C., e o uso predominante do dialeto iônico sugere que seu autor era proveniente das ilhas do Egeu ou da costa da Ásia Menor. A lenda de que Homero era cego e analfabeto não tem, também, qualquer fundamento histórico. A ILÍADA O único registro da guerra de Tróia, conflito de proporções colossais encontra-se presente nos quase 16 mil versos da obra Ilíada. Trata-se de um relato tardio. Acredita-se que Homero – que viveu por volta do século VIII a. C.- tenha escrito cerca de 400 anos após a queda de Tróia. Como a história e seus personagens já eram, em seu tempo, bastante conhecidos, o poeta não oferece qualquer introdução ao conflito. O primeiro canto da Ilíada trata da rixa entre os dois maiores heróis gregos: Aquiles e Agamenon, já ao final do nono ano e, portanto quase no fim do combate. Fonte de inspiração para um sem-número de autores e poetas, o estilo de Homero é inconfundível. Dispostos em 24 cantos magníficos, os milhares de versos do poema são o testemunho de uma cultura de tradição oral. Heróis, deuses, sentimentos e idéias misturam-se em uma atmosfera mítica e instigante. Outro fato desconhecido do grande público e, mesmo polêmico entre os estudiosos, é o verdadeiro objetivo de Homero ter escrito a Ilíada. O rapto de Helena pelo príncipe de Tróia, Páris, é apontado como o principal motivo da guerra, assim como a destruição da cidade de Ílion (nome original de Tróia), o seu desfecho. No entanto, o "olhar homérico" volta-se quase que exclusivamente para a ira do herói grego Aquiles. A ODISSÉIA A Odisséia foi composta provavelmente um pouco depois da Ilíada. O título do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido entre nós pelo nome romano, "Ulisses". A exemplo da Ilíada, a Odisséia se baseia em longa tradição oral e assumiu forma escrita somente no fim do século VI. A Odisséia, de Homero, expressa com força e beleza a grandiosidade da remota civilização grega. Datada provavelmente do século VIII a.C., quando os gregos, depois de um longo período sem dispor de um sistema de escrita, adotaram o alfabeto fenício. Na Odisséia repercute ainda o eco da guerra de Tróia, narrada na Ilíada. Ulisses, filho e sucessor de Laerte, rei de Ítaca e marido de Penélope, é um dos heróis favoritos de Homero e já aparece na Ilíada como um homem perspicaz, bom conselheiro e bravo guerreiro. A Odisséia narra as viagens e aventuras de Ulisses em duas etapas: a primeira compreende os acontecimentos que, em nove episódios sucessivos, afastam o herói de casa, forçado pelas dificuldades criadas pelo deus Posêidon. A segunda consta de mais nove episódios, que descrevem sua volta ao lar sob a proteção da deusa Atena. É também desenvolvido um tema secundário, o da vida na casa de Ulisses durante sua ausência, e o esforço da família para trazê-lo de volta a Ítaca. A Odisséia compõe-se de 24 cantos em verso hexâmetro (seis sílabas), e a ação se inicia dez anos depois da guerra de Tróia, em que Ulisses lutara ao lado dos gregos. É consenso na era moderna que a Odisséia completa a Ilíada como retrato da civilização grega, e juntas, as duas testemunham o gênio de Homero e estão entre os pontos mais altos atingidos pela poesia universal. AQUILES: Herói grego, filho de Peleu e da ninfa marinha Tétis. Relata o mito que Zeus ambicionara Tétis, mas ao saber que a nereida daria à luz a um filho superior ao pai, cedeu-a a um mortal. Como as Parcas (divindades que representavam o poder do destino) prognosticassem que o filho morreria cedo, Tétis mergulhou-o nas águas do Lago Estige para torná-lo invulnerável. Realmente, todo o corpo, exceto o calcanhar por onde o segurou, adquiriu invulnerabilidade. Aquiles se tornou um jovem belo e forte, o mais veloz nas corridas. Ao eclodir a Guerra de Tróia, temendo pela vida do filho, Tétis escondeu-o na corte de Licomedes, em Esciros, mas o ardiloso Ulisses, fingindo-se de mercador de jóias e armas, apresentou-se na referida corte. Sendo identificado, tal a sua experiência no manejo de armas, Aquiles marchou com os gregos sobre Tróia e tornou-se o mais famoso dos guerreiros. No décimo ano da luta, capturou a jovem Briseida, que lhe foi arrebatada por Agamenon, chefe supremo dos gregos. Aborrecido com essa afronta, retirou-se da guerra. Sentindo a falta de seu valioso auxílio, conseguiram os gregos persuadi-lo a ceder sua armadura e aos seus guerreiros, os mirmidões, ao seu amigo Pátroclo. Este, porém foi morto por Heitor, que se apoderou de sua armadura. Sedento de vingança, Aquiles reconcilia-se com Agamenon. De armadura e escudos novos, forjados por vulcano, retornou à luta, matou Heitor, o campeão de Tróia, filho primogênito do Rei Príamo, e arrastou o seu cadáver pela cidade, profanando o seu corpo e colocando-o em torno da sepultura do amigo. Quando o velho rei Príamo veio lhe pedir o corpo do filho, Aquiles, compadecido, atendeu ao seu pedido. Pouco depois, Apolo(deus grego das profecias, da medicina e da música, arqueiro-mestre e excelente corredor, filho de Zeus e Leto, filha de um titã) revela a Páris a fraqueza secreta do guerreiro Aquiles. Sabendo desse segredo, ele estica o arco e, com a mão guiada por Apolo, faz pontaria no calcanhar do herói aqueu. Atingido por uma flecha envenenada, Aquiles cai e morre. O FILME: Uma guerra em nome do amor? Ou será que a traição da majestosa Helena com o seu amante Páris e a sua fuga é apenas um pretexto para o rei Agamenon de Micenas, Grécia, conquistar Tróia com o objetivo de expandir seu poder e riqueza? Tróia sempre foi cobiçada por seus inimigos. Rica e próspera, era o centro mercantil mais importante da época. Invejada por muitos reis ambiciosos. O duelo entre as duas importantes civilizações que aprendemos na escola, está ainda mais interessante exibido na grande tela. O diretor alemão Wolfgang Peterson (de “Mar em Fúria”) traz ao público um espetáculo de imagens, efeitos e fotografia somado a um elenco de primeira. Atores veteranos consagrados como Peter O´Toole (Lawrence da Arábia, 1962 e premiado com o Oscar de honra, em 2003, pelo conjunto de sua obra), e Julie Christie ( Doutor Jivago, 1965), o galã Brad Pitt, que interpreta muito bem o semi-deus Aquiles, a lindíssima ex-modelo alemã Diane Kruger(Helena), os jovens e talentosos Orlando Bloom( Piratas do Caribe - A Maldição da Pérola Negra, 2003) no papel de Páris e Eric Bana ( Hulk, 2003), que convence como o justo e honrado príncipe Heitor, os ótimos Brian Cox ( X-Man 2, 2003), como Agamenon, e Brandon Gleeson (Cold Mountain, 2003), como Menelau, entre outros. A cena em que o rei Príamo (Peter O´Toole) pede a Aquiles(Brad Pitt) que lhe entregue o corpo de seu filho Heitor(Eric Bana) é comovente. A luta entre Heitor e Aquiles emociona, principalmente quando no final o guerreiro mata seu rival e arrasta o seu corpo, que é puxado por sua carruagem, diante do olhar estupefato de sua família. A cidade de Tróia reconstituída no filme é monumental. Apesar de algumas adaptações Hollywoodianas, a produção está fiel à obra de Homero. É um filme obrigatório, suntuoso, rico em detalhes e tecnicamente perfeito. CURIOSIDADES: 1. Tróia foi filmada no México e em Malta; 2. Inicialmente as filmagens de Tróia estavam previstas para ocorrer no Marrocos mas, devido à ameaça de guerra no Iraque, foram transferidas para o México; 3. Durante cinco meses o elenco e a equipe enfrentaram dois furacões, reconstituíram do zero cenários destruídos, atravessaram greves de 150 halterofilistas búlgaros( que foram contratados para os closes nas cenas de batalha), esperaram pacientemente que membros de organizações ambientais retirassem milhares de exemplares de cactos raros, um a um, de uma praia mexicana; 4. Brad Pitt sofreu uma lesão no tendão de Aquiles, adiando por três meses a filmagem de uma cena crucial; 5. O diretor Wolfgang Petersen desistiu de “Batman vs. Superman” para dirigir Tróia; 6. O ator Brad Pitt desistiu de estrelar “The Fountain” para atuar em Tróia; 7. As atrizes Julia Roberts, Claire Forlani e Alice Braga estiveram cotadas para interpretar a personagem Helena em Tróia; 8. Ainda na era do cinema mudo, existem registros de produções com o tema de Tróia, como: “Caduta Tróia”(1910), uma produção italiana; “ Helena” ( 1924), feito na Alemanha, e “Private Life of Helen of Troy” (1927), norte- americana, que são considerados os primeiros filmes realizados; 9. A mais famosa das adaptações, “Helena de Tróia”, continua sendo a que Robert Wise (de “Amor Sublime Amor”, 1961 e “A Noviça Rebelde”, 1965) dirigiu em 1955 com a bela Rossana Podestá(Sodoma e Gomorra, 1962), como Helena e Jacques Sernas(La Dolce Vita, 1960), como Páris.
FICHA TÉCNICA: TROY Diretor: Wolfgang Peterson. Roteiro: David Benioff, baseado em poema de Homero. Elenco: Brad Pitt (Aquiles). Orlando Bloom (Páris), Eric Bana (Heitor), Brian Cox (Agamenon), Brendan Gleeson (Menelau), Diane Kruger (Helena), Peter O´Toole ( Rei Príamo), Sean Bean (Odisseu ou Ulisses), Julie Christie(Tétis). Pordução: Gail Katz, Wolfgang Peterson, Diana Rathbun e Colin Wilson. Música: James Horner. Fotografia: Roger Pratt. Desenho de Podução: Nigel Phelps. Direção de Arte: Julian Ashby, Jon Billington, Andy Nicholson e Adam O´Neill. Edição: Peter Honess. Efeitos Especiais: Cinesite Ltd. / Framestore CFC / Lola / The Moving Picture Company. Gênero: Ação, épico, drama, aventura. Duração: 163 minutos. Estados Unidos/2004. Warner Bros. Para saber mais sobre Tróia e a Grécia Antiga: http://warj.med.br/areas.htm